Ex-ajudante de ordens de Bolsonaro é interrogado sobre conspiração que incluía assassinatos e atos golpistas de 8 de janeiro
O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, deixou a sede da Polícia Federal (PF) em Brasília por volta das 16h40 desta quinta-feira (5 de dezembro), após prestar um novo depoimento. Durante uma sessão de aproximadamente 90 minutos, ele foi interrogado sobre os atos antidemocráticos de 8 de janeiro e um plano que teria como objetivo a morte do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O esquema, conhecido como “Punhal Verde Amarelo”, também previa uma tentativa de captura de Moraes.
Esse foi o 11º depoimento prestado por Cid desde que foi preso, em 2023. Segundo o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, a nova oitiva é um desdobramento das declarações feitas por Cid ao ministro Alexandre de Moraes, no dia 21 de novembro. Na ocasião, o acordo de colaboração do ex-ajudante estava em análise e corria o risco de ser anulado.
— Após a reinquirição, o ministro decidiu manter a validade da colaboração, sem prejuízo de novas decisões relacionadas ao caso — declarou Rodrigues durante entrevista coletiva.
Embora a Polícia Federal não tenha solicitado formalmente a rescisão do acordo de delação, a corporação enviou ao STF um ofício destacando inconsistências e circunstâncias que envolvem os relatos de Cid. No entanto, Andrei Rodrigues reforçou que a decisão final sobre a validade da colaboração cabe exclusivamente ao Poder Judiciário.
A defesa de Mauro Cid garantiu que ele segue à disposição das autoridades para fornecer todos os esclarecimentos necessários.
Cid, o ex-presidente Jair Bolsonaro e outras 35 pessoas já foram indiciados pelos crimes de tentativa de golpe de Estado, abolição do Estado Democrático de Direito e organização criminosa. O inquérito que investiga a trama foi encaminhado à Procuradoria-Geral da República (PGR) na última semana, mas ainda deve ser complementado com informações sobre a suposta mobilização de militares da elite do Exército — conhecidos como “kids pretos” — para executar o plano contra Moraes.