Ribeirão das Neves, oitava cidade mais populosa de Minas Gerais com 329.794 habitantes, busca se libertar do estigma de “cidade-presídio” através de um movimento popular que propõe o fechamento da histórica Penitenciária José Maria Alkimin (PJMA). A unidade prisional, construída em 1927 na então área rural da Fazenda das Neves, hoje ocupa 925 hectares no centro da cidade e abriga mais de mil detentos.
Um abaixo-assinado que já conta com 2.251 apoiadores reivindica a desativação gradual do PJMA. O projeto propõe que o governo estadual interrompa o envio de novos detentos até o completo esvaziamento da unidade, à medida que as penas forem cumpridas. No lugar do presídio, sugere-se a instalação de um campus da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG) e um museu dedicado à memória do presídio e ao desenvolvimento da cidade.
Dados apresentados pela polícia local revelam que:
* Desde 2020, nove homicídios foram registrados nas proximidades da unidade
* Cinco desses assassinatos (55%) ocorreram apenas em 2024
* Em novembro de 2023, um ataque a tiros contra detentos do regime semiaberto resultou em duas mortes
Atualmente, Ribeirão das Neves concentra 13% das vagas do sistema prisional mineiro, com cinco unidades prisionais e um complexo penal de parceria público-privada. Há um déficit de aproximadamente 25 mil vagas no sistema prisional do estado. A própria PJMA opera acima de sua capacidade, com mais de 1.300 detentos para 1.070 vagas disponíveis.
A Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) está trabalhando na expansão do sistema prisional, com a entrega prevista de cerca de 2.700 novas vagas em diferentes regiões do estado, incluindo novas unidades em Iturama, Ubá e reformas em diversos outros estabelecimentos prisionais.