A decisão do presidente Donald Trump de retirar os Estados Unidos do Acordo de Paris e declarar “emergência energética nacional” gerou forte reação negativa da comunidade científica e ambientalista internacional, especialmente durante um momento crítico em que a Califórnia enfrenta graves incêndios florestais.
A medida, que já era esperada, foi acompanhada por declarações polêmicas do presidente, incluindo seu slogan de campanha “Perfure, baby, perfure”, sinalizando uma nova política energética focada na intensificação da exploração de combustíveis fósseis.
* Em meio aos incêndios devastadores na Califórnia, que já deslocaram mais de 130 mil pessoas em uma semana, Sim Bilal, codiretor da ONG Youth Climate Strakes Los Angeles, declarou: “Minha casa está queimando — Los Angeles está pegando fogo. Bairros inteiros estão sufocando com cinzas, vidas estão sendo perdidas. Agora não é hora de recuar em iniciativas globais que visam nos colocar em um caminho para um futuro habitável”.
* A decisão de Trump representa uma reversão significativa dos compromissos assumidos durante a administração Biden, que havia estabelecido metas de redução entre 61% e 66% nas emissões de dióxido de carbono até 2050, em comparação aos níveis de 2005.
* Segundo estimativas da ONG Carbon Brief, o retorno de Trump à Casa Branca pode resultar em um aumento de 4 bilhões de toneladas nas emissões de gases de efeito estufa no inventário norte-americano até 2030.
A indústria de combustíveis fósseis, que doou US$ 75 milhões para a campanha de Trump, aparece como uma das principais beneficiárias desta decisão. Basav Sen, diretor de política climática do Instituto de Estudos Políticos, classificou a saída do acordo como “repreensível”, mesmo reconhecendo as falhas do pacto.
O professor Ronaldo Christofoletti, do Instituto do Mar da Universidade Federal de São Paulo (IMar/Unifesp), destaca que esta decisão compromete não apenas as metas ambientais, mas também a contribuição financeira esperada dos EUA para o fundo global de ações climáticas, estimado em US$ 300 bilhões anuais até 2035.
O cenário é particularmente preocupante considerando que 2024 foi registrado como o ano mais quente da história, segundo o Observatório Metereológico Mundial (OMM) e o Observatório Copernicus, sendo o primeiro a ultrapassar a meta de 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais estabelecida pelo Acordo de Paris.