O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu declarou no domingo que a queda do presidente sírio Bashar al-Assad foi uma consequência direta das operações israelenses na região, especialmente contra o Irã e o Hezbollah. No entanto, analistas israelenses consideram essa afirmação apenas parcialmente precisa, indicando que o resultado não foi planejado estrategicamente.
Sob pressão interna devido à situação dos reféns em Gaza e um processo por corrupção, Netanyahu afirmou que a queda de Assad foi “resultado direto dos golpes que infligimos ao Irã e ao Hezbollah, os principais apoiadores de Assad”.
* Danny Citrinowicz, pesquisador do Instituto de Estudos de Segurança Nacional de Tel Aviv, declarou à AFP que as ações de Israel contribuíram para os eventos na Síria, mas como uma consequência não intencional: “É óbvio que o que Israel fez definitivamente levou a isso, mas duvido que tivesse uma estratégia para isso”.
* Em 27 de novembro, Netanyahu havia alertado Assad sobre “brincar com fogo” ao apoiar o Hezbollah e facilitar transferências de armas para o Líbano, sem prever o ataque planejado por Abu Mohamed al Jolani, líder rebelde islamista.
* Aviv Oreg, analista do Centro Meir Amit e ex-agente de inteligência israelense, comparou a situação a um efeito dominó, destacando que os ataques intensificados contra o Hezbollah na Síria e no Líbano desde setembro foram cruciais para a queda de Assad.
Durante a guerra civil síria, Israel nunca apoiou oficialmente uma mudança de regime. Didier Billion, do centro de estudos IRIS em Paris, observou que Israel aparentemente preferia a permanência de Assad ao risco de grupos islamistas ou jihadistas assumirem o poder.
A mudança na estratégia israelense ocorreu após o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023. Netanyahu, que anteriormente hesitava em confrontar a rede iraniana de grupos anti-israelenses, passou a conduzir uma guerra aberta contra o Hezbollah, resultando na eliminação de grande parte de sua liderança, incluindo Hassan Nasrallah e comandantes iranianos.
Citrinowicz concluiu que, embora não houvesse uma estratégia inicial, os resultados foram surpreendentemente favoráveis a Israel, caracterizando retrospectivamente como uma “estratégia incrível”.