Um novo estudo publicado na revista científica Neuroinflammation revelou dados alarmantes sobre os efeitos do glifosato no cérebro. A pesquisa, conduzida pela Universidade Estadual do Arizona (ASU) em conjunto com o Translational Genomics Research Institute (TGen), demonstrou que mesmo uma breve exposição ao herbicida pode resultar em danos cerebrais duradouros.
Os pesquisadores, liderados por Ramon Velazquez, realizaram um estudo abrangente que demonstrou como camundongos expostos ao glifosato desenvolveram significativa inflamação cerebral associada a doenças neurodegenerativas. O estudo, que durou 19 semanas no total, revelou múltiplos efeitos prejudiciais à saúde cerebral.
Principais descobertas da pesquisa:
* Os cientistas identificaram uma clara associação entre a exposição ao pesticida e sintomas de neuroinflamação, além de agravamento de condições semelhantes à doença de Alzheimer
* O estudo, realizado durante 13 semanas com um período adicional de recuperação de 6 meses, utilizou dois grupos de camundongos: normais e transgênicos (com doença de Alzheimer)
* Foram testados dois níveis de exposição ao glifosato: uma dose alta, similar a estudos anteriores, e uma dose mais baixa, próxima ao limite considerado aceitável para humanos
* Os resultados mostraram que mesmo a dose mais baixa causou efeitos prejudiciais no cérebro dos ratos, persistindo meses após a exposição
* Um subproduto do glifosato, o ácido aminometilfosfônico, foi encontrado acumulado no tecido cerebral
“Nosso trabalho contribui para a crescente literatura que destaca a vulnerabilidade do cérebro ao glifosato”, afirmou Velazquez no comunicado à imprensa. O pesquisador também enfatizou a necessidade urgente de mais estudos, especialmente considerando o aumento da incidência de deficiência cognitiva em comunidades rurais.
Embora a Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA) e a Autoridade Europeia de Segurança Alimentar (EFSA) considerem seguros determinados níveis de exposição ao glifosato, a Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer da Organização Mundial da Saúde o classifica como “possivelmente cancerígeno para humanos”.
Samantha K. Bartholomew, principal autora do estudo, expressou sua expectativa: “Minha esperança é que nosso trabalho estimule mais pesquisas sobre os efeitos da exposição ao glifosato, o que poderia levar a um reexame de sua segurança a longo prazo”.
O estudo destaca que, embora os trabalhadores agrícolas sejam os mais expostos ao glifosato, devido ao seu uso generalizado, o produto químico está presente em toda a cadeia alimentar, tornando suas implicações relevantes para toda a população.