A Comissão Europeia definiu um momento crucial para o futuro do acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul, estabelecendo 20 de dezembro como data limite para obter aprovação dos Estados-membros, mesmo com a persistente oposição francesa.
O cenário atual apresenta uma série de desafios e posicionamentos divergentes entre os países europeus, com possibilidade de votação já no início de dezembro, antes da cúpula do Mercosul no Brasil.
* Os agricultores europeus mantêm forte oposição ao acordo de livre comércio, especialmente nos setores de carne e açúcar, que consideram ameaçados pela concorrência sul-americana.
* A França, através de sua porta-voz governamental Maud Bregeon, reafirmou que o tratado “segue sendo inaceitável” em seu formato atual, exigindo restrições aos pesticidas proibidos na UE e controles mais rigorosos.
* Bruxelas respondeu às preocupações implementando medidas de salvaguarda reforçadas para produtos agrícolas sensíveis, com promessa de intervenção em caso de desestabilização do mercado.
* Alemanha e Espanha emergiram como principais defensoras do acordo, buscando apoiar exportadores europeus e diversificar alianças comerciais.
* O ministro da Agricultura espanhol, Luis Planas, demonstrou otimismo ao afirmar que o acordo “avança e será ratificado”, prevendo sua implementação para o início do próximo ano.
* A posição francesa gera irritação em Bruxelas, especialmente após as declarações contraditórias do presidente Emmanuel Macron durante sua visita ao Brasil.
O acordo visa facilitar as exportações europeias de automóveis, máquinas e bebidas alcoólicas para o Mercosul, enquanto permitiria maior entrada de produtos sul-americanos como carne, açúcar, arroz, mel e soja na Europa.
Se aprovado pelos 27 países-membros, o acordo ainda precisará passar pelo Parlamento Europeu, onde enfrenta resistência significativa. Aproximadamente 300 dos 720 eurodeputados podem se opor ao acordo, com cerca de 150 já solicitando recurso na Justiça europeia.
A divisão no Parlamento Europeu reflete as tensões mais amplas, com oposição esperada da extrema esquerda, extrema direita e representantes franceses e poloneses, tornando a votação um desafio adicional para a concretização do acordo.