Guilherme Derrite (PP-SP) liderou a aprovação do projeto Antifacção na Câmara após seis versões do texto, gerando tensões políticas e evidenciando o antagonismo entre o governador Tarcísio de Freitas e o presidente Lula. Como secretário de Segurança licenciado de São Paulo e relator do projeto, Derrite se tornou figura central em uma disputa que vai além da segurança pública.
A escolha de Derrite como relator foi articulada pelo Centrão, especialmente pelo presidente do PP, senador Ciro Nogueira, em uma estratégia para evitar que o projeto se tornasse uma vitória política do governo Lula na área de segurança.
* A indicação de Derrite gerou desconforto entre parlamentares após apresentação das primeiras versões do relatório, que não foram amplamente discutidas com líderes partidários e governo.
* O processo de relatoria enfrentou diversos obstáculos, incluindo resistência da Polícia Federal e necessidade de múltiplas revisões do texto.
* Tarcísio de Freitas manteve distância inicial do projeto, limitando-se a defender a escolha de Derrite, sem envolvimento direto nas negociações.
O projeto também revelou articulações políticas mais amplas, com discussões sobre possíveis candidaturas futuras. Derrite é cogitado tanto para o Senado quanto para o governo de São Paulo, dependendo dos movimentos de Tarcísio.
A aprovação do projeto evidenciou falhas na articulação política do governo Lula, que não antecipou o movimento da oposição em relação à relatoria de um projeto originado no Ministério da Justiça.
O deputado Aluisio Mendes (Republicanos-MA), que atuou como intermediário nas negociações, defendeu a escolha de Derrite: “A escolha do deputado Derrite nada tem a ver com ideologia. Ele é um secretário de Segurança Pública com larga experiência”.
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), também manifestou apoio: “Eu vejo o Derrite como grande especialista em segurança pública, pelo histórico dele, e o tema tem que ser tratado por quem já esteve envolvido em operações e não por estudiosos e acadêmicos que pouco entendem”.
Por outro lado, o deputado Rui Falcão (PT-SP) criticou o processo: “Foi uma operação montada, Derrite pegou o relatório pronto. Não é possível pegar licença de secretário num dia e no outro ter o relatório”.