Brasil perde espaço no mercado de café dos EUA

Brasil perde espaço no mercado de café dos EUA

Decisão do governo Trump mantém tarifa de 40% sobre café brasileiro enquanto elimina taxas para outros países produtores, afetando exportações nacionais

A recente decisão do governo Trump de eliminar tarifas sobre importações de café em grão para a maioria dos países produtores, mantendo uma taxa de 40% para o Brasil, está causando um impacto significativo no mercado cafeeiro mundial. O Brasil, maior produtor e exportador global de café, enfrenta agora uma posição desvantajosa no maior mercado consumidor do mundo.

A medida anunciada resulta em uma situação complexa para o mercado brasileiro, que anteriormente fornecia um terço dos grãos de café consumidos nos Estados Unidos. Enquanto outros países produtores se beneficiam da eliminação total das tarifas, o Brasil mantém-se sob forte pressão tarifária.

Impactos nas Exportações Brasileiras

* As exportações de cafés especiais do Brasil para os EUA registraram uma queda de 55% nos últimos três meses desde o início das tarifas, conforme relatado por Luiz Saldanha, vice-presidente da Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA)

* Os números apresentados pelo Cecafé mostram quedas consecutivas nas exportações: 46% em agosto, 52,8% em setembro e 54,4% em outubro

* Marcos Matos, diretor-geral do Conselho de Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), alertou que “a modificação que nós tivemos no fim da semana passada pelos Estados Unidos coloca mais pressão em relação à competitividade do Brasil, distorce mais o mercado e nos distancia da competitividade em relação aos nossos concorrentes”

Cenário Internacional

* A maioria dos países produtores das Américas, exceto o Brasil, tinha anteriormente tarifas de 10%, que foram eliminadas
* Produtores asiáticos, que enfrentavam tarifas ainda maiores, também foram beneficiados com a isenção total

Judith Ganes, presidente da J. Ganes Consulting, resume a situação como “apenas uma questão de ajuste de preço dos fluxos comerciais”. O Rabobank, em nota, destacou que “isso traz algum alívio para o fornecimento de café dos EUA, mas com os 40% sobre o Brasil continuará sendo difícil”.

Uma preocupação adicional surge quanto à possível realocação de embarques. Matos explicou que países como México e Colômbia estão importando café conilon brasileiro para consumo local, permitindo aumentar suas exportações próprias. No entanto, ele ressaltou que a triangulação direta seria ilegal devido às regras alfandegárias existentes.

O setor cafeeiro brasileiro agora busca intensificar as negociações com os EUA para conseguir isenção tarifária. Conforme alertado pelo Cecafé, adiar essas negociações para 2026 poderia resultar em prejuízos “incalculáveis e irrecuperáveis” para o setor.

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