Justiça da Inglaterra responsabiliza BHP por desastre em Mariana

Justiça da Inglaterra responsabiliza BHP por desastre em Mariana

Tribunal Superior de Justiça da Inglaterra considera mineradora legalmente responsável pelo rompimento da Barragem do Fundão ocorrido em 2015

A BHP foi considerada legalmente responsável pelo rompimento da Barragem do Fundão, em Mariana, em decisão histórica proferida pelo Tribunal Superior de Justiça da Inglaterra e País de Gales. Esta é a primeira vez que uma das mineradoras envolvidas no desastre é considerada responsável em todos os aspectos legais.

A ação coletiva, movida pelo escritório internacional Pogust Goodhead contra a empresa anglo-australiana BHP, sócia da Vale no controle da Samarco, avança agora para a fase de quantificação dos danos a serem indenizados. Os valores requisitados já alcançam R$ 260 bilhões, envolvendo 23 municípios atingidos.

Principais pontos da decisão judicial:

* A BHP foi considerada direta e indiretamente responsável pela operação da Barragem do Fundão, com base na Lei Ambiental brasileira
* O tribunal reconheceu a responsabilidade culposa por conduta negligente, conforme o Código Civil brasileiro
* A corte concluiu que a BHP foi “negligente ao permitir o desenvolvimento de saturação de rejeitos e invasão de lama, ao não realizar estudos de liquefação e análises de estabilidade recomendadas”
* Foi determinado que o colapso era previsível, e a BHP deveria estar ciente dos problemas desde agosto de 2014
* As prefeituras atingidas foram consideradas aptas a participar da ação

O processo judicial teve sua primeira fase realizada entre outubro de 2024 e março de 2025, incluindo depoimentos de testemunhas e especialistas. A segunda fase está prevista para outubro de 2026, quando será determinada a extensão total dos danos e calculada a indenização devida.

O desastre, ocorrido em 5 de novembro de 2015, resultou no despejo de 40 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério na bacia do Rio Doce. O impacto atingiu 700 mil pessoas em 46 cidades diferentes, incluindo ribeirinhos, indígenas, quilombolas e pescadores, causando 19 mortes e afetando uma extensão de 675 km ao longo dos rios da região.

Em 2024, foi homologado pelo STF um Acordo de Reparação no valor de R$ 170 bilhões, que extinguiu a maioria das ações judiciais brasileiras relacionadas ao caso. A BHP também chegou a um acordo de partilha de responsabilidade global com a Vale em julho de 2024.

O impacto ambiental foi devastador, com 11 toneladas de peixes mortos e comprometimento do abastecimento de água em diversas cidades, incluindo centros urbanos importantes como Governador Valadares (MG) e Colatina (ES).

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