A violência contra pessoas em situação de rua em Minas Gerais apresentou um aumento alarmante, com 40 assassinatos registrados entre janeiro e setembro deste ano, representando um crescimento de quase 50% em comparação ao mesmo período do ano anterior. Em Belo Horizonte, o cenário é igualmente preocupante, com um aumento de 43% nos homicídios.
Na capital mineira, além dos homicídios, foram registrados 56 casos de agressão e 155 de lesão corporal contra pessoas em situação de rua. O Disque 100 recebeu 724 denúncias de violações de direitos em todo o Brasil, sendo 218 vítimas somente em Belo Horizonte.
O pesquisador Cristiano Silva, do Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua (OBPopRua/UFMG), destaca que a falta de compreensão sobre a vulnerabilidade desse grupo agrava a situação. “Tem vários casos e relatos de violência, principalmente de agentes públicos, com relação à população em situação de rua, de uma não compreensão dessa situação de vulnerabilidade que essas pessoas estão”, afirmou em entrevista ao g1.
O Governo de Minas informou que tem intensificado as ações de apoio, com repasses que chegaram a R$ 131 milhões este ano, destinados à manutenção de Centros Pop, abrigos, casas de passagem e repúblicas.
A realidade nas ruas é retratada por Rayssa Bittencourt, chef de cozinha de 42 anos e mulher trans, que vive nas ruas de Belo Horizonte: “Pra viver na rua tem que ter muita coragem. Tem que ter a cabeça boa, porque se não tiver, você inverna na droga e se acaba. A rua tá muito perigosa. Qualquer coisa que a gente fala a gente é agredida, qualquer coisa que a gente olha a pessoa bate na gente sem ter feito nada”.
Segundo levantamento do grupo Polos de Cidadania da UFMG, Minas Gerais é o terceiro estado com maior população em situação de rua, com 32.685 pessoas, ficando atrás apenas de São Paulo e Rio de Janeiro. Belo Horizonte ocupa a terceira posição entre as capitais, com 15.359 pessoas vivendo nas ruas.
A Pastoral de Rua da Arquidiocese de Belo Horizonte atua como uma das principais entidades de apoio, oferecendo refeições e acolhimento. Conforme explica a coordenadora Claudenice Rodrigues Lopes: “Nós somos uma porta aberta e acolhemos as pessoas da forma que elas chegam. Muitas vezes cansadas, e aqui acaba sendo um lugar que pode sentar, tomar uma água fresca, usar o sanitário, passar algumas horas de descanso, ser ouvida”.