A Rússia anunciou que realizará testes nucleares caso os Estados Unidos tomem a mesma iniciativa, em meio a crescentes tensões entre as potências nucleares mundiais.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, declarou em entrevista à emissora “Russia 1” que Moscou mantém seus compromissos relativos à proibição de testes nucleares, mas se verá obrigada a realizar testes caso os EUA façam primeiro, numa resposta espelhada à recente declaração do presidente americano Donald Trump.
“(O presidente russo Vladimir) Putin declarou repetidamente que a Rússia continua comprometida com seus compromissos de proibição de testes nucleares, e não temos intenção de fazê-lo”, afirmou Peskov.
A tensão escalou após Trump anunciar no final de outubro a autorização para retomada dos testes nucleares americanos após mais de 30 anos. Em entrevista à “CBS”, Trump acusou Rússia e China de realizarem testes nucleares secretos, embora não tenha apresentado provas.
“A Rússia testa [armas nucleares], a China testa, mas eles não falam sobre isso. Por mais poderosos que sejam, este é um mundo grande. Você não necessariamente sabe onde eles estão fazendo os testes”, declarou Trump.
O governo chinês negou as acusações, reafirmando seu compromisso com o desenvolvimento pacífico e a política de não ser o primeiro a usar armas nucleares. A porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, destacou que a China respeita seu compromisso de suspender os testes nucleares.
Segundo dados do Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo, EUA e Rússia possuem mais de cinco mil ogivas nucleares cada. A China vem expandindo seu arsenal, que dobrou nos últimos cinco anos para 600 ogivas, de acordo com o Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais.
O Tratado de Proibição Completa de Testes Nucleares, assinado por 186 países em 1996, nunca entrou em vigor. Nenhum país além da Coreia do Norte realizou detonações nucleares nas últimas décadas, com Rússia e China sem testes desde 1990 e 1996, respectivamente.
Chris Wright, secretário de Energia de Trump, buscou amenizar a situação ao esclarecer que os testes em questão seriam de sistemas e não explosões nucleares propriamente ditas, chamados de “explosões não críticas”.