O presidente francês Emmanuel Macron gerou uma onda de indignação na França após demonstrar otimismo em relação ao acordo comercial entre União Europeia e Mercosul, contrariando sua posição anterior de rejeição ao tratado. A declaração foi feita durante a cúpula de chefes de Estado que antecede a COP30 em Belém, no Pará.
“Estou mais otimista, mas me mantenho vigilante porque também defendo os interesses da França”, afirmou Macron aos jornalistas na quinta-feira. Esta mudança de postura provocou forte reação de diversos setores políticos franceses, especialmente considerando que o presidente havia anteriormente declarado que o acordo “não era aceitável em seu estado atual”.
A controvérsia se intensificou com manifestações de diferentes lideranças políticas:
* Marine Le Pen, líder do partido ultradireitista Reagrupamento Nacional (RN), manifestou-se no X (antigo Twitter) afirmando que “Este acordo, finalizado na opacidade e que atenta diretamente contra os interesses da agricultura francesa, deve ser rejeitado”.
* Bruno Retailleau, presidente do partido Os Republicanos, criticou duramente a posição de Macron, declarando que “Depois da indústria, agora é nossa agricultura que (o chefe de Estado) aceita vender a preço baixo”.
* O secretário nacional do Partido Comunista Francês, Fabien Roussel, ironizou a situação sugerindo que “Um presidente tão desacreditado deveria calar-se e deixar que o Parlamento decida!”.
* A eurodeputada Manon Aubry, de A França Insubmissa, foi ainda mais contundente ao afirmar que Macron “está assinando a sentença de morte da agricultura francesa”.
O setor agrícola francês demonstra especial preocupação com o acordo, temendo que o mercado nacional seja inundado por produtos como carne, açúcar e arroz provenientes dos países do Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai).
Macron justificou sua mudança de posição citando as cláusulas de salvaguarda obtidas pela França, argumentando: “Fui coerente desde o início. Disse que em seu estado atual não era aceitável, por isso digo que está sendo modificado”.