As empresas de transporte de Lima realizaram uma paralisação significativa nesta terça-feira (4) em protesto contra a extorsão do crime organizado e os assassinatos de motoristas. A situação crítica levou o governo peruano a declarar estado de emergência na capital.
A manifestação foi desencadeada após o assassinato de dois motoristas na semana anterior, conforme explicou Miguel Palomino, presidente da Associação Nacional de Motoristas, à AFP: “A paralisação se deve à morte de dois motoristas e aos ataques a empresas que continuam sendo extorquidas”.
* Motoristas paralisaram suas atividades em diversos distritos de Lima, bloqueando ruas importantes com ônibus sob forte esquema policial.
* Os manifestantes exibiram cartazes em seus veículos com mensagens como “Unidos contra a extorsão, chega de mortos”, além de fitas pretas e fotos dos motoristas assassinados.
* A crise de segurança resultou na destituição da presidente Dina Boluarte em 10 de outubro, sendo sucedida por José Jerí, que decretou estado de emergência em 22 de outubro.
* Em 2024, Lima registrou 102 homicídios relacionados à extorsão, tendo mototaxistas e motoristas como principais vítimas, segundo dados do Indaga, observatório do Ministério da Justiça.
* Organizações criminosas, incluindo Los Pulpos, La Jauría, Los Injertos del Norte e o Tren de Aragua, exigem pagamentos mensais de até 50.000 soles (aproximadamente 80 mil reais) das empresas de transporte.
* Entre janeiro e outubro, ao menos 50 motoristas foram assassinados, conforme dados da Anitra, principal entidade do setor que representa 460 empresas em Lima e Callao.
A situação em Lima tem se agravado significativamente. Entre janeiro e setembro, o país registrou 20.705 denúncias de extorsão, representando um aumento de 28,8% em comparação ao mesmo período do ano anterior. As empresas que se recusam a pagar as extorsões sofrem ataques violentos, com criminosos atirando contra os veículos, mesmo com passageiros a bordo.
O governo respondeu à crise enviando militares às ruas para reforçar o controle policial, uma medida que faz parte do decreto de estado de emergência em vigor desde outubro.