O Sudão enfrenta uma grave crise humanitária com dezenas de milhares de civis fugindo dos combates na região leste de Darfur, conforme relatório da ONU. A situação se agravou após a tomada da cidade de El Fasher por forças paramilitares na semana passada.
O conflito, que teve início em abril de 2023, é marcado pela disputa de poder entre dois generais: Abdel Fatah al Burhan, comandante do Exército oficial e líder do país desde o golpe de 2021, e Mohamed Daglo, que lidera as Forças de Apoio Rápido (FAR).
* A região de Kordofan do Norte tornou-se o novo epicentro dos confrontos entre o Exército e as FAR, resultando na fuga de mais de 36.800 pessoas de cinco localidades do estado.
* El Obeid, capital de Kordofan do Norte, transformou-se em um importante ponto estratégico devido à sua localização privilegiada, conectando Darfur à capital Cartum, além de possuir um aeroporto.
* As FAR reivindicaram a tomada de Bara, localidade ao norte de El Obeid, conforme anunciado em vídeo divulgado por um de seus membros: “Hoje, unimos todas as nossas forças na frente de Bara”.
* Moradores relatam o abandono de suas atividades agrícolas por medo dos confrontos, como declarou Suleiman Babiker, residente de Um Smeima: “Deixamos de ir aos nossos campos de plantação por medo dos confrontos”.
* Martha Pobee, secretária-geral adjunta da ONU para a África, denunciou “grandes atrocidades” e “represálias por motivos étnicos” perpetradas pelas FAR em Bara, comparando-as às violências observadas em Darfur.
* As FAR foram acusadas de massacres, violência sexual e sequestros contra comunidades não árabes após a tomada de El Fasher, último reduto importante do Exército na região.
Segundo a ONU, o conflito no Sudão já provocou dezenas de milhares de mortes e forçou quase 12 milhões de pessoas a abandonarem suas casas, configurando-se como a pior crise humanitária do mundo atualmente.