Claudia Matarazzo: ‘Etiqueta e o verdadeiro Luxo’

Claudia Matarazzo: ‘Etiqueta e o verdadeiro Luxo’

A verdadeira essência da etiqueta reside no bom senso, na naturalidade e na afetividade, revelando que o luxo autêntico não está no ter, mas no ser e nas experiências significativas

A Etiqueta é ao mesmo tempo ferramenta e arte,  contém delicadeza e força  e é capaz de reverter as situações mais exdrúxulas.  É mais do que comportamento ou educação- embora seja um assunto derivado dos mesmos.

Para entender sua importância no cotidiano, talvez ajude um olhar mais atento  aos  3 pilares nos quais ela se apoia: Bom senso, naturalidade e afetividade.

Bom senso – tudo o que se refere a etiqueta tem a ver com bom senso ou seja, é pensado para facilitar a vida, jamais para complicar. As regras se baseiam em “mão e contra mão”. Se estamos falando de rotas de um evento, são pensadas para facilitar o fluxo. Se for sobre o lado do botão de determinados modelos tem a ver com a anatomia, o prato para comer alcachofra tem uma concavidade no centro para encaixar melhor o alimento – e por aí vai.

Costumo afirmar que se determinada  regra  complica a vida geralmente  acaba caindo em desuso. Ou nunca foi regra de fato. Se aquela é uma situação desconhecida para você use o bom senso: faça o que você acha que deve fazer. Em geral funciona e é isso mesmo…

Naturalidade– justamente por ser uma ferramenta para facilitar a vida é que a etiqueta se baseia também em naturalidade. Não sabe ? Pergunte. Sempre haverá alguém que terá prazer me ajudar. É infinitamente melhor do que fingir que sabe algo que não sabe. Seja natural. Vista-se de maneira natural. E aja naturalmente. Sempre  melhor do que forçar e pagar mico.

Afetividade – em um mundo cada vez mais orientado por dinheiro e individualismo, incorporar uma atitude atenta e afetiva só pode ajudar. Perca alguns segundos para lembrar o nome das pessoas, se tem ou não filhos, ouvir sobre eles etc. Isso é só um exemplo, mas existem infinitas maneiras se demonstrar afeto e acolhimento. A primeira etapa dessa afetividade  plena é assegurar-se de que  os outros estejam fisicamente confortáveis. Por isso oferecemos um café ou água, convidamos as pessoas a sentar etc. A segunda etapa (que exige um certo tato e que ninguém se lembra)  é garantir as pessoas  conforto emocional.

Isso significa não constranger o outro ou criar situações difíceis, em suma: acolher da melhor maneira e  não abusar emocionalmente dos outros.

Não se trata de ter, e sim ser –  ter etiqueta independe de de se ter ou não dinheiro. A Etiqueta tem a ver com atitude e valores e não  com dinheiro e  marcas de luxo. E por falar em Luxo: hoje, o  conceito de luxo evoluiu: se nos anos 30 tinha a ver com espaços maiores e serviços especiais, e nas últimas décadas o boom de grifes carísssimas inundou o mercado com produtos banais mas caríssimos, hoje, há um consenso de que o verdadeiro luxo está na experiência. No desfrute de uma certa exclusividade e no privilégio das peças únicas.

Tudo isso, de preferência  usando materiais reciclados ou com upcycling de outros. Há uma consciência de sustentabilidade que é  muito mais importante do que se exibir usando o logo de um produto industrializado, distribuido em massa por todo o planeta. Por mais caro que seja, isso é  bobagem ultrapassada. Pense nisso.

Mais textos da colunista

Claudia Matarazzo
Claudia Matarazzo
Claudia Matarazzo é jornalista, especialista em etiqueta e comportamento, autora de 22 livros e vencedora do Prêmio Abril de Jornalismo. Foi chefe do Cerimonial do Governo de SP por 7 anos, é consultora da Rede Globo e palestrante, com mais de 1 milhão de livros vendidos sobre moda, comportamento e inclusão.

RELACIONADAS

Claudia Matarazzo
Claudia Matarazzo
Claudia Matarazzo é jornalista, especialista em etiqueta e comportamento, autora de 22 livros e vencedora do Prêmio Abril de Jornalismo. Foi chefe do Cerimonial do Governo de SP por 7 anos, é consultora da Rede Globo e palestrante, com mais de 1 milhão de livros vendidos sobre moda, comportamento e inclusão.
Entretenimento