Poucas coisas no mundo, e talvez nenhuma no futebol, sejam tão imprevisíveis quanto o Campeonato Brasileiro. Um empate muda o humor de uma torcida, uma derrota altera planos e uma sequência de vitórias pode transformar sonho em realidade. E é com esse cenário em mente que o Cruzeiro entra em campo neste domingo para enfrentar o Palmeiras, no Allianz Parque.
A rodada é daquelas que valem mais do que três pontos. O Cruzeiro pode se aproximar do líder e se recolocar na disputa pelo título, mas também pode ver o Mirassol, quarto colocado, e o Bahia, quinto, encurtarem a diferença caso tropece. O time do interior paulista enfrenta o Sport, na Ilha do Retiro. Já os baianos vão à capital paulista jogar contra o São Paulo. Ou seja: o equilíbrio do Brasileirão segue em sua forma mais pura.
O Cruzeiro de Leonardo Jardim faz uma campanha que, pelas previsões iniciais, já pode ser considerada fantástica. É um time competitivo, disciplinado e que evoluiu demais desde aquele desabafo do técnico português após o jogo contra o São Paulo, no primeiro turno. Ainda assim, é fato que o rendimento recente caiu: nas últimas cinco rodadas, uma vitória, três empates e uma derrota.
O título? Hoje, é mais sonho do que meta. Uma utopia possível, mas distante. O foco, neste momento, deve ser garantir o quanto antes a vaga direta na fase de grupos da Libertadores, consolidando o projeto que vem sendo construído por Pedrinho e Leonardo Jardim. Atualmente, o Cruzeiro tem sete pontos de vantagem para o primeiro time fora do G4, o Bahia. Isso dá uma boa margem, o suficiente para sonhar alto, mas com os pés no chão.
E há um detalhe que joga a favor da Raposa: o calendário. O Palmeiras vem de duas derrotas seguidas, para Flamengo e LDU, e dificilmente o torcedor palmeirense se lembra da última vez em que isso aconteceu. A última sequência assim foi em julho de 2024. E o contexto é perfeito: o time de Abel Ferreira precisa se concentrar totalmente no jogo da volta da Libertadores, onde decidirá a vida contra a equipe equatoriana.
Se eu fosse o Abel, sinceramente, pouparia até os reservas. O português sabe que o peso da Libertadores em São Paulo é maior que qualquer outra coisa. E isso pode ser um trunfo para o Cruzeiro.
Historicamente, o confronto é duro. Desde a reforma do Allianz Parque, o Cruzeiro venceu lá apenas uma vez, em 2018, pela Copa do Brasil, quando o gol de Hernán Barcos abriu caminho para o sexto título celeste da competição. E se tem algo que o Cruzeiro sabe fazer, é crescer em jogo grande.
O árbitro será Rafael Klein. Com esse juizão, o time de verde ganhou 7 das últimas 7 partidas apitadas por ele. O Palmeiras, fora do Brasil, sentiu na pele a diferença de arbitragens, contra a LDU, mal encostou na bola. E agora chega pressionado, algo raro para um time tão acostumado a vencer.
Para o Cruzeiro, ganhar no Allianz teria um peso gigantesco. Não só pela tabela, mas pelo simbolismo. Seria mais uma prova de que o Cabuloso voltou a competir de igual para igual com os gigantes do país. Seria bom para o Campeonato, que seguiria vivo até as rodadas finais. Seria ótimo para a confiança do elenco e para o projeto de Pedrinho, que devolveu dignidade, estrutura e esperança à Toca da Raposa II.
E, claro, seria mais um recado para o eixo: o Cruzeiro Cabuloso Coisa Ruim Terror do Eixo está de volta. Jogando bonito, jogando sério, jogando grande.