O Brasil alcançou uma posição de destaque no cenário mundial das apostas esportivas, conquistando o quinto lugar entre os maiores mercados globais. De acordo com a consultoria Regulus Partners, o setor deve movimentar aproximadamente US$ 4,1 bilhões (R$ 22 bilhões), ficando atrás apenas dos Estados Unidos, Reino Unido, Itália e Rússia.
A ascensão meteórica do mercado de apostas no Brasil pode ser atribuída a diversos fatores:
* A implementação do Pix revolucionou as transações, tornando-as instantâneas e seguras, eliminando a necessidade de intermediários físicos.
* O alto índice de bancarização e a forte presença digital dos brasileiros criaram um ambiente propício para o crescimento do setor, como destaca Antonio Forjaz, diretor da Entain na América Latina: “No Brasil, tudo é Pix, tudo é instantâneo”.
* A paixão nacional pelo futebol impulsionou significativamente o setor, com 18 dos 20 clubes da Série A do Brasileirão exibindo marcas de apostas em suas camisas, gerando contratos milionários.
O processo de regulamentação do setor, iniciado em 2018, só se concretizou em 2024, permitindo um crescimento acelerado durante esse período. Segundo o economista Victo Silva, da Harvard Kennedy School, o Brasil se tornou um “laboratório da economia comportamental”, com empresas utilizando estratégias agressivas de marketing.
André Gelfi, presidente do Instituto Brasileiro de Jogo Responsável (IBJR) e sócio da Betsson, ressalta que “o brasileiro consome a partir do digital, e essa é uma indústria totalmente digitalizada”.
Entretanto, o crescimento exponencial do setor traz preocupações. Uma análise do Banco Central revelou que aproximadamente 5 milhões de beneficiários do Bolsa Família transferiram recursos para sites de apostas via Pix, levando o STF a estabelecer restrições.
A regulamentação atual proíbe publicidade direcionada a menores de idade, e há discussões no Congresso sobre um projeto de lei que visa endurecer as restrições, incluindo o veto a propagandas com influenciadores e atletas.