O governo federal iniciou uma série de retaliações contra o Centrão após sucessivas traições em votações na Câmara dos Deputados. A medida inclui demissões de indicados do grupo político em ministérios, autarquias e bancos federais, sinalizando uma possível ruptura no relacionamento entre o Planalto e o bloco parlamentar.
A ministra Gleisi Hoffmann foi enfática ao declarar que “quem quer ficar no governo tem que votar com o governo”, comparando os aliados infiéis a visitantes que “vivem na sua casa, comem da sua comida, mas não são leais com você”. Na mesma linha, o ministro Celso Sabino utilizou uma metáfora matrimonial, afirmando que “não dá pra ser casado e levar vida de solteiro”.
O terceiro mandato do presidente Lula tem sido marcado por um relacionamento conturbado com o Centrão, caracterizado por um apoio superficial ao governo em troca de cargos na máquina federal. Um exemplo emblemático dessa situação é o caso do ministro do Turismo, filiado ao União Brasil, que não conseguiu garantir os votos de seus correligionários em favor do governo.
* O ministro Celso Sabino chegou a entregar uma carta de demissão após pressão partidária
* Posteriormente, recuou da decisão alegando uma conversa com o presidente
* Em sua declaração, fez referência ao Dia do Fico, afirmando permanecer pelo bem do turismo e pela felicidade do povo do Pará
A ministra das Relações Institucionais expôs abertamente o fisiologismo presente nas negociações entre governo e Congresso ao vincular as demissões à derrubada de uma Medida Provisória. Essa transparência incomum nas articulações políticas revela a fragilidade da base parlamentar do governo.