O setor de exportação brasileira de café enfrenta uma crise significativa, registrando prejuízo de R$ 5,9 milhões em agosto devido à impossibilidade de embarque de mais de 624 mil sacas nos portos brasileiros. O Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) revelou que o Porto de Santos concentra a maior parte dos problemas, representando 78,7% das cargas não embarcadas.
Os impactos financeiros são extensos e incluem:
* Custos adicionais com armazenagem, pré-stacking e detentions, afetando 1.893 contêineres
* Perda de receita cambial estimada em US$ 221,28 milhões (aproximadamente R$ 1,205 bilhão)
* No Porto de Santos, 491.731 sacas ficaram retidas, evidenciando a gravidade da situação no principal porto do país
O cenário atual é resultado de diversos fatores estruturais:
* Gargalos logísticos e infraestrutura portuária defasada
* 67% dos navios apresentaram atrasos ou alteração de escalas em Santos
* Tempo de espera chegou a 47 dias no complexo portuário santista
Eduardo Horen, diretor técnico do Cecafé, alerta: “O agronegócio cresce a taxas expressivas, mas a infraestrutura portuária e a ampliação na diversificação de modais de transporte do país não acompanham essa evolução”.
A Autoridade Portuária de Santos (APS) reconhece os desafios e apresenta planos de melhorias, incluindo a implantação do terminal Tecon Santos 10 e o aumento da profundidade do canal de navegação para 16 metros, posteriormente chegando a 17 metros.
Entre as medidas em andamento, destacam-se investimentos em logística, reforma das vias perimetrais, construção de viadutos e ampliação das linhas férreas. A APS também planeja implementar um sistema de rastreamento de embarcações para facilitar o planejamento dos exportadores.
O Cecafé mantém diálogo com outras entidades e autoridades para buscar soluções, especialmente em relação ao leilão do Tecon Santos 10. Horen enfatiza: “Que avancemos nesse tema, de forma definitiva e célere, e tenhamos a adequada oferta de capacidade o mais breve possível”.
A situação atual do setor cafeeiro evidencia a necessidade urgente de modernização e ampliação da infraestrutura portuária brasileira para manter a competitividade no mercado internacional.