A Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou ao Supremo Tribunal Federal (STF) um pedido de condenação contra nove dos dez réus que compõem o chamado “núcleo 3” da trama golpista. Este grupo, formado principalmente por militares de elite conhecidos como “kids pretos”, é acusado de executar ações táticas para tentar um golpe de Estado.
Os acusados enfrentam graves denúncias que incluem organização criminosa armada, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. Entre os réus está também um agente da Polícia Federal que teria fornecido informações privilegiadas sobre a posse presidencial.
Réus do núcleo 3:
* Bernardo Romão Correa Netto (coronel do Exército)
* Fabrício Moreira de Bastos (coronel do Exército)
* Estevam Theophilo (general da reserva do Exército)
* Márcio Nunes de Resende Júnior (coronel do Exército)
* Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros (tenente-coronel do Exército)
* Hélio Ferreira Lima (tenente-coronel do Exército)
* Rafael Martins de Oliveira (tenente-coronel do Exército)
* Rodrigo Bezerra de Azevedo (tenente-coronel do Exército)
* Wladimir Matos Soares (policial federal)
* Ronald Ferreira de Araújo Júnior (tenente-coronel do Exército)
Segundo a PGR, cinco dos acusados concentraram esforços na incitação de membros das Forças Armadas para aderirem ao plano golpista. O grupo, liderado por Bernardo Romão, Fabrício Bastos, Márcio Júnior, Estevam Theophilo e Sérgio Cavaliere, utilizou seus conhecimentos militares e posições hierárquicas para pressionar a alta cúpula das Forças Armadas.
Um dos aspectos mais graves revelados pela investigação foi o planejamento denominado “Punhal Verde e Amarelo”, que previa o assassinato de autoridades como o ministro Alexandre de Moraes e membros da chapa eleita em 2022. Este plano foi operacionalizado pelos “kids pretos” Rodrigo Azevedo, Rafael Oliveira e Hélio Ferreira Lima, junto com o agente da PF Wladimir Matos Soares.
Destaca-se que apenas para Ronald Ferreira Júnior, a PGR solicitou a desclassificação dos cinco crimes inicialmente imputados, reduzindo a acusação para incitação ao crime, o que possibilita a negociação de um acordo de não persecução penal.
Em mensagens obtidas pela investigação, ficou evidenciada a articulação entre os acusados. Bernardo Netto chegou a questionar Mauro Cid sobre possíveis “evoluções” que pudessem questionar a legitimidade das eleições, recebendo como resposta que não havia “nenhuma bala de prata”.
O general Estevam Theophilo, conforme relatado em delação por Mauro Cid, era visto como o militar que “tomaria a iniciativa” do golpe caso houvesse a assinatura de um decreto de exceção pelo então presidente. Theophilo confirmou em interrogatório sua participação em reunião no Palácio do Alvorada para discutir a “minuta golpista”.