Reflexão sobre envelhecimento, identidade e o valor da trajetória pessoal
É cada vez mais comum falar sobre o envelhecer, muitas vezes confundido com a maturidade. Frequentemente, esse momento é apresentado de forma exuberante, incrível e repleta de possibilidades, como se tudo fosse possível. Mas será que é assim mesmo?
O que percebo são pessoas angustiadas, sentindo quase uma obrigação de dar conta daquilo que nem sempre é possível. Tentam seguir o que determinadas mídias e especialistas sugerem, aplicando a ideia de que “somos atemporais”.
Essa noção de que precisamos ser eternamente jovens, belos, sensuais e superprodutivos nem sempre corresponde à realidade da maioria. Afinal, o tempo existe. As possibilidades são importantes, mas precisam ser entendidas a partir de cada um de nós. Todos somos únicos e temos a nossa história.
É necessário aprender a olhar para a vida dentro desse marco histórico e temporal, que ajuda a compreender o contexto familiar e social em que estamos inseridos. Quando pensamos em quem somos hoje e em como foi construída nossa história psíquica e social, percebemos que nossa identidade está ligada a uma rede maior.
É fundamental entender que todos temos história, reconhecimento e um lugar nesse momento da maturidade. É um período de possibilidades, mas não de um “vale tudo” enlouquecedor.
Somos a construção das memórias que atravessaram gerações. Hoje, ocupamos um espaço de dignidade e respeito, que também deve ser um legado para o futuro.
O presente tem muito valor. Tivemos a chance de fazer escolhas certas ou erradas, mas ainda há tempo de ressignificar memórias e compreender quem somos.
E somos muito mais que fantoches moldados para parecer seres imutáveis, sem expressão e sem tempo. As rugas também carregam as vivências que marcaram a nossa trajetória.