Os Correios enfrentam uma grave crise financeira após registrar um prejuízo de R$ 2,64 bilhões no segundo trimestre de 2025, valor quase cinco vezes maior que o resultado negativo do mesmo período em 2024, quando ficou em R$ 553,2 milhões. No primeiro semestre, o déficit total alcançou R$ 4,37 bilhões, triplicando em relação aos R$ 1,35 bilhão observados em 2024.
A situação crítica da empresa estatal pode ser observada através dos seguintes indicadores:
* A receita bruta de vendas e serviços totalizou R$ 8,52 bilhões no primeiro semestre, apresentando uma queda nominal de 11,3% em comparação com o mesmo período de 2024
* O segmento de encomendas registrou um pequeno crescimento de 2%, gerando R$ 4,7 bilhões em vendas
* Os serviços de postagem internacional sofreram forte impacto com o programa Remessa Conforme, arrecadando apenas R$ 815,2 milhões, uma redução de 61,3% em relação ao primeiro semestre do ano anterior
* As despesas com passivos judiciais aumentaram significativamente, atingindo R$ 1,2 bilhão só no segundo trimestre, um aumento de 812,6% em comparação com o mesmo período de 2024
A gravidade da situação levou a empresa a alertar o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a possível necessidade de um aporte financeiro da União. O aviso foi inicialmente direcionado ao ministro Fernando Haddad (Fazenda) e posteriormente a outros membros do Executivo durante uma reunião em junho.
A crise também resultou na decisão do presidente da companhia, Fabiano Silva dos Santos, de apresentar sua carta de demissão em 4 de julho. No entanto, dois meses após o anúncio, sua saída ainda não foi oficializada devido à falta de um substituto para o cargo, que tem sido disputado por diferentes grupos políticos, incluindo representantes do União Brasil e do PT.
A equipe econômica do governo já sinalizou que não há margem no Orçamento para realizar aportes nos Correios, uma vez que tal repasse estaria sujeito às regras fiscais e competiria com outras despesas. No entanto, técnicos do governo reconhecem que, devido à delicada situação da empresa, uma injeção de recursos pode se tornar inevitável.
O cenário atual reflete uma deterioração financeira acelerada, com perdas de receitas significativas, especialmente após a implementação do programa Remessa Conforme da Receita Federal, que alterou o fluxo de entrada de pequenas encomendas internacionais, impactando diretamente nas receitas da estatal.