Nossas palavras revelam o que carregamos por dentro e moldam o ambiente ao nosso redor. Escolher bem o que dizemos é um ato de sabedoria e transformação
“A morte e a vida estão no poder da língua; os que gostam de usá-la comerão do seu fruto.”
(Provérbios 18:21)
Esse provérbio é direto: nossas palavras têm força criativa e destrutiva. Elas constroem pontes ou levantam muros. E o que temos deixado sair pela boca revela, na verdade, o conteúdo mais profundo do nosso coração. Um exemplo marcante do poder transformador da palavra aconteceu em março de 2005, em Atlanta, nos Estados Unidos. Brian Nichols, após uma série de assassinatos, fez de refém uma mulher chamada Ashley Smith. Ela, em meio ao caos, escolheu falar com sabedoria, esperança e propósito. Suas palavras não apenas salvaram sua vida, como também tocaram profundamente o coração do sequestrador, que acabou se entregando. É impressionante pensar que, em situações extremas, a palavra certa ainda é capaz de produzir milagres.
Mas será que temos essa consciência no cotidiano? Sem perceber, cultivamos uma linguagem tóxica que alimenta ambientes pesados, adoecidos. Frases como “eu não consigo”, “isso é difícil demais pra mim”, “não sou capaz”, vão criando raízes de limitação e frustração. Da mesma forma, palavras ríspidas, impacientes ou grosseiras ditas a filhos, cônjuges, colegas de trabalho, constroem um terreno fértil para insegurança, medo e ressentimento.
Ambientes tóxicos nascem de palavras tóxicas. Por outro lado, palavras saudáveis geram vida, curam feridas, despertam sonhos. A boa notícia é que todos nós temos a capacidade de usar palavras que elevam, que inspiram, que acalmam.
O desafio que deixo nesta reflexão é: que tal revisarmos nosso vocabulário emocional? Comece devagar, substituindo o “não posso” por “vou tentar”, o “isso é difícil demais” por “é um desafio, mas estou aprendendo”. Use palavras que encantem, que animem, que gerem curiosidade e bem-estar. Dê voz à gentileza, à empatia, à sabedoria.
Como dizia minha avó: “Temos dois ouvidos e uma boca por um motivo.” Nem tudo precisa ser dito na hora em que pensamos. Escutar é uma arte rara, e valiosa. E o próprio livro de Provérbios nos alerta:
“Responder antes de ouvir é tolice e vergonha.” (Pv. 18:13)
Falar com sabedoria exige sensibilidade, intenção e amor. Escolher as palavras certas, no tempo certo, é um ato de maturidade emocional e espiritual. Afinal, somos os principais responsáveis pelo ambiente que cultivamos ao nosso redor, e tudo começa por aquilo que sai da nossa boca.
Se queremos mudança, que ela comece pela palavra. Que a sua fala seja fonte de vida. Sempre.