Ao reconhecer os próprios limites, transformei culpa em compreensão e encontrei acolhimento no perdão
Durante muito tempo, carreguei uma pergunta pesada: “E se eu tivesse feito diferente?”. Essa dúvida, vestida de culpa, me acompanhava como um chicote invisível, ferindo-me toda vez que eu tentava seguir em frente.
Mas um dia compreendi algo simples e, ao mesmo tempo, profundo: eu fiz o que pude. Com o conhecimento que tinha, com a maturidade que me era possível, com a força emocional que me sustentava naquela época. Meus pais, da mesma forma, me deram o que tinham. Meus dois casamentos foram vividos com a verdade que eu conhecia, assim como eles me ofereceram o que possuíam.
Perdão, para mim, passou a ser esse lugar de aceitação. Não é esquecer o que foi feito, nem fingir que não doeu. É apenas entender que todos estamos sempre aprendendo. E, hoje, posso falar sobre isso com o coração em paz. A dor virou cura. O ressentimento, compreensão. A distância, abraço.
Perceber que ainda vou errar muitas vezes me dá alívio. Amadurecer, afinal, é isso: parar de buscar perfeição e começar a respeitar os próprios limites. Hoje, me afasto conscientemente dos sentimentos de não merecimento e da ideia de que eu deveria ter sido melhor. Hoje, me acolho. E sigo em frente com a certeza de que perdoar é um ato de coragem, mas, antes de tudo, é um ato de amor.