Bunkers do Rio revelam história oculta da 2ª Guerra

Bunkers do Rio revelam história oculta da 2ª Guerra

Pesquisa mapeia 46 abrigos antiaéreos construídos na década de 1940 em prédios do Rio de Janeiro durante a Segunda Guerra Mundial

Os subterrâneos do Rio de Janeiro guardam uma história pouco conhecida da Segunda Guerra Mundial: dezenas de bunkers construídos para proteger a população de possíveis ataques aéreos. Uma pesquisa conduzida pela arquiteta Isabella Cavallero já mapeou 46 prédios que abrigavam esses abrigos antiaéreos, principalmente em Copacabana.

Em uma visita guiada à Galeria Menescal, em Copacabana, um grupo de pessoas se reúne no subsolo para conhecer o que foi o maior abrigo antiaéreo já registrado em prédios do Rio. Projetado em 1943, o espaço tinha capacidade para 964 pessoas, incluindo 34 banheiros e uma subestação de luz própria. Hoje, convertido em garagem, não apresenta vestígios visíveis de seu passado histórico.

A construção dos bunkers teve início em 1942, após o Brasil entrar na Segunda Guerra Mundial. O decreto-lei 4.098, assinado por Getúlio Vargas, estabeleceu medidas de defesa passiva antiaérea, incluindo:

* Obrigatoriedade de construção de abrigos antiaéreos em edifícios com mais de cinco pavimentos ou área superior a 1.200 metros quadrados
* Implementação de um sistema de sirenes e alarmes para alertar sobre possíveis ataques
* Criação do Serviço de Defesa Passiva Antiaérea para aprovar e regulamentar as construções
* Orientações técnicas específicas, como lajes de concreto armado que suportassem impactos de 1.500 kg

Os bunkers se tornaram um diferencial no mercado imobiliário da época, sendo destacados em anúncios de apartamentos como um item de luxo, especialmente em Copacabana, que vivia um período de expansão e modernização.

Isabella Cavallero, que iniciou sua pesquisa em 2022, descobriu esses espaços através de antigos anúncios em jornais como o Correio da Manhã e A Noite. Seu trabalho ganhou maior visibilidade após um vídeo viral no TikTok, que despertou o interesse da população e resultou em maior colaboração para o mapeamento desses locais históricos.

A maioria dos bunkers está localizada em Copacabana, mas também foram encontrados exemplares no Centro, Ipanema, Humaitá e Flamengo. Embora a maior parte tenha sido convertida em garagens após o fim da guerra, alguns ainda mantêm vestígios de sua função original, como uma placa no Flamengo que indica: “Abrigo antiaéreo adaptado para garagem em 1949”.

O resgate dessa história permite compreender melhor os impactos da Segunda Guerra Mundial no Brasil e como a ditadura de Vargas lidou com o conflito. Apesar de os temidos ataques nunca terem se concretizado, os bunkers permanecem como testemunhas silenciosas de um período crucial da história do Rio de Janeiro e do Brasil.

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