Uma reflexão sobre o tempo, as memórias e a beleza de continuar se transformando
De repente, um susto! Estou fazendo 7.1. Que alegria!
Afinal, é uma dádiva divina poder chegar a esta idade e se perceber com condições e ainda tantos desejos a realizar. Por outro lado, é a vida passando e nossa finitude marcando presença.
Vivemos num mundo em que há uma negação quase desenfreada em relação ao envelhecer (todos têm que ser incríveis, lindos e não parecerem suas idades). Mesmo assim, eu me percebo saudosista, mas grata pela minha história.
Lembro-me da minha família e de muitos aniversários. Simples, mas sempre celebrados com afeto e bolo de morango feito pela minha amada Mãe Malka. Recordo também minhas vivências e tantas lutas, da menina magra que se sentia tão feia e excluída, até entender que para crescer seria necessário muito esforço.
Aliás, o apoio e os olhares de amor e reconhecimento dos meus pais foram um privilégio que sempre recebi. A vida foi seguindo, muito maior que a contagem de aniversários, mas com a construção de uma (ou muitas vidas).
Vidas marcadas por uma escolha amorosa, de um companheiro e amor eterno. Assim fui me constituindo como mãe de Rafael, David e Deborah, que me abençoaram com cinco netos.
Minha trajetória seguiu também como psicanalista, ouvinte de muitos mundos e realidades tão diversas. A maturidade me ajudou a cultivar a gratidão e a compreender que talvez a vida seja uma oportunidade única de transformação. Um processo de crescimento que nos aproxima das nossas verdades, mesmo quando escancara medos e fantasmas.
Nesta semana em que eu, uma leonina assumida, completo este ciclo, percebo que sempre é tempo de amar, perdoar e se reconciliar com o nosso passado. Talvez este seja o maior aprendizado: olhar para a própria história e enxergar que ainda há muito a ser feito.
Gracias a la vida!
É tempo de celebrar a oportunidade de entender que podemos dividir e compartilhar nossos sentimentos, e que, por meio deles, outras pessoas também podem se desenvolver.