Matteos França Campos, 32, foi exonerado da Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedese) após confessar o crime. Ele alegou ter entrado em “surto” devido a dívidas de apostas online e empréstimos consignados
O governo de Minas Gerais exonerou o assessor Matteos França Campos, de 32 anos, após ele ser preso na sexta-feira (25 de julho) sob suspeita de assassinar a própria mãe, a professora Soraya Tatiana Bomfim, de 56. A exoneração foi publicada no Diário Oficial Eletrônico de Minas Gerais (DOE MG) e confirmada pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (Sedese), onde Matteos trabalhava desde 2021 em um cargo comissionado.
Em nota, a Sedese afirmou que “os fatos investigados não guardam relação com a pasta” e reforçou que “não compactua com crimes, desvios de conduta ou quaisquer irregularidades”. O cargo ocupado por Matteos era de “livre nomeação e exoneração” 8.
Matteos confessou à Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) que matou a mãe no dia 18 de julho, após uma discussão acalorada sobre suas dívidas em casas de apostas online e empréstimos consignados. Segundo o delegado Álvaro Homero Huertas dos Santos, o suspeito alegou ter “entrado em colapso” durante a briga e enforcou Soraya dentro do apartamento onde moravam, no Bairro Santa Amélia, na região da Pampulha.
Após o crime, Matteos colocou o corpo da mãe no porta-malas do carro dela e o abandonou sob um viaduto em Vespasiano, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. O corpo foi encontrado no domingo (20), seminu e coberto por um lençol. Inicialmente, Matteos chegou a simular um crime sexual para despistar as investigações, mas a polícia descartou essa hipótese após exames preliminares.
Nos dias seguintes, o suspeito registrou um boletim de ocorrência pelo desaparecimento da mãe e até concedeu entrevistas emocionadas, afirmando estar “devastado”. No entanto, as contradições em seu depoimento e as provas colhidas pela polícia levaram à sua prisão.
Formado em Relações Públicas pela PUC Minas em 2019, Matteos tinha um perfil profissional aparentemente estável. Fluente em inglês e espanhol, trabalhou como recepcionista bilíngue durante a Copa do Mundo de 2014 e atuou em empresas como MRV e Banco do Brasil antes de ingressar no governo mineiro em 2021.
Colegas e professores o descreviam como uma pessoa “amorosa e tranquila”, o que tornou o crime ainda mais chocante para quem o conhecia. Uma ex-colega de trabalho afirmou ao Estado de Minas que ele chegou a pedir dinheiro emprestado no ano passado, alegando dificuldades financeiras.
A PCMG ainda aguarda laudos periciais para confirmar os detalhes do homicídio, mas já descartou a participação de outras pessoas no crime. Matteos está preso temporariamente e pode responder por feminicídio. Sua defesa afirmou que ainda não teve acesso ao inquérito e se manifestará em breve.
O caso chocou a comunidade escolar onde Soraya lecionava há oito anos no Colégio Santa Marcelina. Alunos e colegas a descreviam como uma professora dedicada e carinhosa, enquanto Matteos, em suas redes sociais, chegou a homenageá-la como “a melhor professora de vida” que já teve.