O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), frustrou os planos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ao cancelar duas reuniões de comissões que seriam utilizadas para manifestações políticas e articulação com aliados. A decisão foi anunciada momentos antes do início previsto das sessões.
Por meio de um “ato do presidente”, Motta estabeleceu a proibição das reuniões durante o período de recesso parlamentar, que se estende até a sexta-feira anterior ao retorno dos trabalhos, programado para 4 de agosto.
O Congresso encontra-se em “recesso branco”, situação que ocorre quando há um acordo para não realizar sessões mesmo sem a aprovação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). Embora a oposição tenha apostado na possibilidade de realizar as sessões devido a esta circunstância, tanto Motta quanto o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), mantiveram o recesso, ignorando os pedidos da oposição.
* Após o cancelamento das sessões, Bolsonaro não compareceu à Câmara, contrariando as expectativas da oposição
* As comissões escolhidas pelos bolsonaristas eram as de Relações Exteriores e Segurança Pública, onde mantêm maior influência
* O objetivo era aprovar moções de repúdio contra medidas impostas a Bolsonaro, mas Motta vetou inclusive as votações de requerimentos
A decisão de Motta deve gerar reações da militância de direita, que já convoca manifestações para 3 de agosto. Os deputados bolsonaristas, que têm atuado como força de defesa do ex-presidente, haviam elaborado esta estratégia na liderança do PL na Câmara como resposta às restrições impostas a Bolsonaro quanto a entrevistas e uso de redes sociais.
No dia anterior, a presença de Bolsonaro na Câmara havia resultado em tumulto, com o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) sofrendo um corte no rosto durante a confusão. O incidente se estendeu até o salão verde, onde uma mesa foi quebrada durante o empurra-empurra quando um profissional caiu sobre ela.