O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) compareceu à Câmara dos Deputados nesta segunda-feira (21 de julho) e fez questão de exibir a tornozeleira eletrônica que passou a utilizar por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF). Durante sua visita, que terminou em tumulto, o ex-presidente expressou forte insatisfação com a medida judicial.
Em pronunciamento aos seus apoiadores, Bolsonaro manifestou indignação com o uso do dispositivo de monitoramento. “Não roubei os cofres públicos, não desviei recurso público, não matei ninguém, não trafiquei ninguém. Isso aqui é um símbolo da máxima humilhação em nosso país. Uma pessoa inocente. Covardia o que estão fazendo com um ex-presidente da República. Nós vamos enfrentar a tudo e a todos. O que vale para mim é a lei de Deus”, declarou.
A determinação do uso da tornozeleira eletrônica veio após solicitação da Procuradoria-Geral da República (PGR), que identificou possíveis riscos:
* A PGR apontou potencial risco de fuga do país
* Foram identificadas possíveis tentativas de intimidação a ministros do STF, da PGR e da Polícia Federal
* O órgão constatou transferência de R$ 2 milhões para Eduardo Bolsonaro, que estava no exterior
* Além da tornozeleira, foram impostas restrições de contato com embaixadores e entrada em embaixadas estrangeiras
A visita foi marcada por momentos de tensão:
* Durante a saída do encontro com deputados da base bolsonarista, houve confusão nos corredores
* Uma mesa de vidro foi quebrada durante o tumulto
* O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) sofreu ferimentos no rosto, com um corte próximo ao olho
* A deputada Caroline de Toni (PL-SC) relatou o incidente, embora as circunstâncias exatas do ferimento ainda não estejam esclarecidas
Bolsonaro é réu na Ação Penal 2.668, onde é acusado de liderar uma tentativa de golpe de Estado e de abolição violenta do Estado Democrático de Direito. O caso está sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes no STF.
O pedido da PGR, aceito pela Suprema Corte, também inclui restrições específicas relacionadas ao contato com representações diplomáticas, visando prevenir possíveis articulações internacionais que possam interferir nas investigações em curso.