Marcilio Alves: ‘Rápido, Bom e Barato existe?’

Marcilio Alves: ‘Rápido, Bom e Barato existe?’

A era das IAs potencializa ainda mais o imediatismo por resultados e projetos no marketing e em tantas outras áreas. Mas por que ainda insistimos em acreditar que é possível ter tudo ao mesmo tempo?

Você já tentou equilibrar um tripé apoiado apenas em dois pontos? Parece instável, não é? Pois é exatamente isso que acontece quando caímos na ilusão de que um projeto pode ser, ao mesmo tempo, rápido, bom e barato.

Essa tríade, tão popular no mundo dos negócios, do design, da engenharia, da publicidade — e de praticamente qualquer entrega que envolva criação ou execução de valor — é, na prática, um triângulo impossível. Não por limitação técnica, mas por uma lógica que respeita o tempo, a dedicação e o investimento necessários para fazer algo bem feito.

Na minha experiência com marcas, projetos criativos e estratégias para grandes e pequenas empresas, aprendi que essa equação exige escolhas conscientes. E fazer escolhas — inclusive abrir mão de um dos vértices — é o que diferencia quem está comprometido com o impacto de quem só busca entregar algo “do jeito que der”.

Vamos destrinchar a tríade?

pido e bom? Então não será barato.
Se você quer qualidade e urgência, é preciso mobilizar uma equipe preparada, alocar recursos com agilidade, fazer horas extras, priorizar seu projeto na fila. Isso tem custo. Um custo justo, diga-se. Porque pessoas talentosas e comprometidas merecem ser valorizadas — e tempo, afinal, é um dos bens mais caros que temos.

Bom e barato? Então prepare-se para esperar.
Para manter a excelência com um orçamento mais enxuto, é necessário tempo. Tempo para fazer aos poucos, respeitando processos, lidando com limitações operacionais, testando caminhos. O barato pode até sair excelente — mas não sai hoje, nem amanhã.

pido e barato? Aqui mora o perigo.
Essa é a combinação mais tentadora — e a mais arriscada. Costuma gerar entregas apressadas, feitas com atalhos perigosos, com pouca reflexão ou refinamento. O resultado? Uma solução genérica, sem alma, sem diferencial. No universo do branding, isso é fatal: uma marca mal pensada não apenas perde relevância, mas pode comprometer a confiança e o valor percebido por muito tempo.

Então, por que ainda insistimos em acreditar que é possível ter tudo ao mesmo tempo?

Talvez por ansiedade. Talvez por pressão de mercado. Talvez por falta de entendimento do que realmente está em jogo. Mas a verdade é que a pressa cega, o custo mal calculado adoece, e a busca pela perfeição sem critério nos paralisa.

Na minha visão, o grande desafio não é tentar vencer essa equação impossível. O verdadeiro desafio é escolher com consciência. O que você está disposto a priorizar? O que é inegociável para você ou para sua marca? Quais são as consequências dessa escolha?

Quando temos clareza do nosso propósito e maturidade para entender os limites de cada decisão, conseguimos alinhar expectativas, evitar frustrações e, principalmente, construir relações mais honestas — com clientes, fornecedores, parceiros e conosco mesmos.

Projetos grandiosos, ideias transformadoras e marcas que deixam legado não nascem de pressa ou de improviso. Nascem de escolhas bem feitas, com respeito ao processo, ao talento humano e ao valor que queremos entregar.

Você está pronto para escolher?

Vamos refletir?

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Marcilio Alves perfil
Marcilio Alves
Consultor de marketing e comunicação com mais de 20 anos de experiência em gerenciamento de marcas, com atuação em negócios locais e no exterior. No Brasil, está à frente da NDG, agência de Branding que há mais de 15 anos impulsiona negócios e projetos, conectando marcas e pessoas, gerando resultados em diversos segmentos, com clientes no Brasil, Portugal, Angola e Estados Unidos.

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