Edinho Silva, ex-prefeito de Araraquara, foi eleito nesta segunda-feira como novo presidente nacional do PT, conquistando mais de 60% dos votos. A vitória foi confirmada pelo atual presidente da legenda, senador Humberto Costa (PE), mesmo antes da conclusão total da apuração e sem a votação em Minas Gerais, terceiro maior colégio eleitoral do partido.
A eleição de Edinho Silva representa uma mudança significativa na direção do partido, consolidando a força de um grupo mais alinhado à estratégia de ampliação de alianças políticas. Sua trajetória inclui passagens importantes pela política nacional e estadual, tendo iniciado sua carreira no movimento estudantil.
Pontos principais da trajetória e desafios:
* Como figura política, Edinho Silva construiu uma carreira sólida no interior paulista, exercendo dois mandatos como deputado estadual e presidindo o PT de São Paulo em 2005.
* Ganhou destaque nacional ao atuar como tesoureiro da campanha de Dilma Rousseff em 2014 e posteriormente como ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência até 2016.
* Durante sua gestão como prefeito de Araraquara, destacou-se pelo enfrentamento à Covid-19 e embates com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
O novo presidente assume em um momento crucial para o partido, com desafios significativos pela frente. Entre suas principais missões estão a articulação de alianças para 2026 e a gestão das relações com o Centrão, que tem sinalizado aproximação com candidaturas bolsonaristas.
Edinho Silva defende a manutenção do diálogo com setores que não apoiaram Lula em 2022, apresentando uma visão mais conciliadora que sua antecessora, Gleisi Hoffmann. Sobre a relação com o Congresso, ele afirmou: “Não penso que a reação do governo diante da imposição de uma derrota por parte do Congresso seja contraditória ao diálogo”.
A primeira grande tarefa de Edinho Silva será a articulação dos palanques estaduais visando a reeleição de Lula. O partido já considera certas algumas alianças regionais importantes, como com Renan Filho (MDB) em Alagoas e Eduardo Paes (PSD) no Rio de Janeiro.
Segundo o deputado Jilmar Tatto (PT-SP), secretário de Comunicação da sigla: “Vai ser uma gestão mais governista do que a da Gleisi. Pela experiência dele como prefeito e como presidente do PT de São Paulo, vai saber ouvir internamente para preparar a campanha de reeleição do presidente Lula”.
A nova gestão deve enfrentar resistências da ala mais à esquerda do partido, que defende maior independência em relação ao governo. Esta posição contrasta com os três candidatos derrotados na disputa: o ex-presidente do PT Rui Falcão (SP), o secretário de Relações Internacionais Romênio Pereira e o historiador Valter Pomar.
A eleição de Edinho Silva marca um novo capítulo na história do PT, com uma liderança que promete equilibrar o diálogo político com a manutenção dos valores partidários, em um cenário de crescentes desafios políticos e institucionais.