O presidente Lula alertou durante reunião do Brics que o adiamento da reforma do Conselho de Segurança da ONU torna o mundo mais perigoso. Em seu discurso na sessão “Paz e Segurança, Reforma da Governança Global”, o presidente brasileiro destacou que o cenário global atual é o mais adverso desde que o Brasil começou a participar do grupo.
“Presenciamos um colapso sem paralelo do multilateralismo”, afirmou Lula, ressaltando que o Brics é herdeiro do Movimento Não-Alinhado. “Com o multilateralismo sob ataque, nossa autonomia está novamente em xeque”, acrescentou.
* O presidente brasileiro criticou a atual estrutura do Conselho de Segurança da ONU, destacando a “perda de credibilidade e paralisia” nas decisões do órgão, que conta com apenas cinco membros permanentes com poder de veto: Estados Unidos, China, Rússia, França e Reino Unido.
* Lula defendeu a inclusão de novos membros permanentes da Ásia, África, América Latina e Caribe, argumentando que esta mudança “é mais do que uma questão de justiça, é garantir a própria sobrevivência da ONU”.
* O presidente também criticou intervenções estrangeiras no Oriente Médio e norte da África, afirmando que “sem amparo no direito internacional, o fracasso das ações no Afeganistão, no Iraque, na Líbia e na Síria tende a se repetir de forma ainda mais grave”.
Lula manifestou preocupação com diversos conflitos internacionais, incluindo os atentados na Caxemira e as ações do Hamas, bem como condenou a ofensiva israelense em Gaza. O presidente também mencionou a denúncia brasileira sobre violações à integridade territorial do Irã, membro do Brics.
O grupo Brics, atualmente composto por 11 países-membros, representa 39% da economia mundial e 48,5% da população global. O bloco inclui África do Sul, Arábia Saudita, Brasil, China, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia, Índia, Irã e Rússia.
Apesar de não ser uma organização internacional formal, o Brics busca maior cooperação entre seus membros e um tratamento mais equitativo nos organismos internacionais. O grupo não possui orçamento próprio ou secretariado permanente, e suas decisões não são vinculantes para os países-membros.