Em um jantar realizado na residência de João Doria em São Paulo, o presidente da Câmara, Hugo Motta, manifestou preocupação com o crescente distanciamento entre o governo federal e o Legislativo, especialmente devido à questão da judicialização do IOF.
Durante o evento, que reuniu 65 empresários do setor produtivo, Motta alertou que a decisão do governo de recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para questionar a constitucionalidade do PDL (projeto de decreto legislativo) que suspendeu o aumento do IOF pode resultar em um confronto entre poderes.
Pontos principais do pronunciamento e seus desdobramentos:
* Hugo Motta indicou que o Legislativo pode retaliar o governo pautando diversos PDLs na Câmara, lembrando que existem mais de 500 projetos tramitando na Casa e outros 80 no Senado
* Em seu discurso, o presidente da Câmara defendeu que o Brasil não suporta mais impostos e ressaltou a necessidade de controle fiscal, criticando a postura de um governo que gasta mais do que arrecada
* Motta enfatizou seu papel como presidente da Câmara em interpretar a vontade dos parlamentares e manter a independência da casa, destacando a sintonia entre Câmara e Senado
O evento contou com a presença de figuras importantes como o vice-governador de São Paulo, Felicio Ramuth, o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles e o ex-governador Rodrigo Garcia. O prefeito Ricardo Nunes fez uma breve aparição de 10 minutos.
Nos bastidores, empresários presentes ao jantar avaliaram que o distanciamento entre Hugo Motta e o presidente Lula tende a aumentar, com alguns atribuindo essa tendência às próprias ações do governo federal. Motta, por sua vez, manifestou esperança de que o governo ainda possa propor medidas de corte de gastos.
A Advocacia Geral da União deve apresentar ação no STF questionando a constitucionalidade do PDL aprovado por ampla maioria na Câmara e no Senado, que suspendeu o aumento do IOF. Apesar das tensões, foi ressaltado que o PL de isenção para quem ganha até R$ 5 mil, relatado por Arthur Lira, será aprovado.