ANP realiza leilão de 47 blocos na Foz do Amazonas

ANP realiza leilão de 47 blocos na Foz do Amazonas

Agência Nacional de Petróleo promove licitação de áreas para exploração petrolífera, apesar de protestos indígenas e recomendação do MPF para suspensão

A ANP (Agência Nacional de Petróleo) iniciou hoje o processo de licitação para exploração de petróleo em 47 novos pontos na foz do rio Amazonas, na costa do Amapá. O leilão acontece mesmo diante de protestos de comunidades indígenas locais e uma recomendação do Ministério Público Federal (MPF) para sua suspensão.

O processo inclui a concessão de direitos para exploração e produção de petróleo e gás natural em 172 novos blocos, dos quais 47 estão localizados na bacia da Foz do Amazonas. A área total leiloada soma 33,49 mil km², superando a extensão do estado de Sergipe.

Pontos Críticos do Processo

* A região é considerada altamente sensível do ponto de vista ambiental, abrigando mangues, restingas e os corais da Amazônia, descobertos em 2016, que ocupam área maior que o estado do Rio de Janeiro

* O MPF entrou com ação solicitando a suspensão do leilão, argumentando a necessidade de estudos prévios sobre impactos climáticos e efeitos nas comunidades indígenas

* O Conselho de Caciques dos Povos Indígenas de Oiapoque, representando 60 lideranças, manifestou-se contra o processo através de carta pública, afirmando: “Não aceitamos que interesses econômicos se sobreponham à vida de nossos parentes e ao futuro das próximas gerações”

Trinta e uma empresas estão autorizadas a participar do leilão, incluindo companhias brasileiras e estrangeiras de dez países diferentes. A ANP manteve em sigilo os nomes das empresas interessadas para “preservar a competitividade” do processo.

A agência defendeu o processo afirmando que segue todos os requisitos legais e constitucionais estabelecidos, considerando objetivos de segurança energética, desenvolvimento tecnológico e responsabilidade socioambiental.

Especialistas divergem sobre os benefícios do projeto. Charles Chelala, economista e professor da Unifap, defende que a exploração pode impulsionar o desenvolvimento local. Por outro lado, Luiz Afonso Rosário, da ONG 350.org, alerta para os riscos ambientais e questiona os reais benefícios para a população local.

A experiência anterior em regiões amazônicas que receberam projetos similares, como Tefé e Coari, mostra resultados controversos. Apesar dos royalties recebidos, essas localidades ainda enfrentam problemas estruturais significativos em áreas como infraestrutura, saneamento básico, segurança pública, saúde e educação.

O leilão representa o segundo processo deste tipo no atual governo, após o realizado em dezembro de 2023, que foi apelidado por organizações ambientais como “leilão do fim do mundo”.

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