O Ministério da Igualdade Racial enviou um ofício ao Governador Cláudio Castro solicitando esclarecimentos sobre a operação do Batalhão de Operações Especiais (BOPE) no morro Santo Amaro, no Catete, que resultou na morte de Herus Guimarães Mendes, jovem de 24 anos. A pasta, liderada pela Ministra Anielle Franco, busca informações detalhadas sobre diversos aspectos da operação.
No documento oficial, o Ministério questiona:
* A motivação da operação policial realizada na madrugada de sábado (7)
* A existência de comunicação prévia com o Ministério Público
* O cumprimento dos protocolos operacionais estabelecidos
* As medidas previstas para reparação às famílias afetadas
* As ações planejadas para reduzir as mortes por intervenção policial no estado
O secretário de Polícia Militar do Rio, Marcelo de Menezes, admitiu em entrevista que os policiais não seguiram os protocolos da corporação durante a operação. “No domingo, eu me reuni com o governador Claudio Castro e avaliamos os desdobramentos e as circunstâncias dessa operação. E avaliamos que os responsáveis pela operação não observaram os protocolos e procedimentos operacionais da corporação”, declarou Menezes.
Como consequência do ocorrido, o governador Cláudio Castro exonerou o coronel Aristheu de Góes Lopes, comandante do Bope, e o coronel André Luiz de Souza Batista, do Comando de Operações Especiais (COE). Além disso, 12 policiais que participaram da ação foram afastados das ruas.
Mônica Guimarães Mendes, mãe de Herus, relatou que seu filho foi baleado em frente a uma padaria, onde havia ido comprar um lanche. “Meu filho perguntou se eu queria algo para comer. Ele foi alvejado na barriga com o pagamento de Pix aberto”, narrou. Segundo ela, um policial do Bope teria arrastado seu filho pela escada e impedido o socorro imediato.
As armas dos policiais envolvidos e as câmeras corporais foram recolhidas para perícia. O secretário Menezes informou que as imagens serão disponibilizadas tanto para a corregedoria quanto para o Ministério Público, visando elucidar os acontecimentos daquela madrugada.
As deputadas Renata Souza e Talíria Petrone encaminharam uma representação ao Ministério Público do RJ solicitando investigação sobre possíveis violações praticadas pelos agentes do Bope durante a operação. O documento ressalta que a ação do estado deve seguir os princípios de legalidade, razoabilidade, necessidade, proporcionalidade e dignidade da pessoa humana.
Herus Guimarães Mendes faleceu horas depois no Hospital Glória D”Or, próximo ao Santo Amaro, deixando família e amigos em luto e gerando questionamentos sobre os procedimentos adotados durante operações policiais em comunidades do Rio de Janeiro.