O ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete acusados serão interrogados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) esta semana sobre a suposta tentativa de golpe de Estado em 2022. As sessões acontecerão entre esta segunda (9) e a sexta-feira (13), com o objetivo de ouvir o chamado “núcleo crucial” que, segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), formou uma organização criminosa para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva.
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De acordo com a denúncia de 272 páginas apresentada pelo procurador-geral Paulo Gonet, o plano golpista teria começado em 2021 e se desenvolvido em várias etapas:
* A articulação iniciou após a anulação das condenações de Lula pelo STF, que o recolocou na disputa eleitoral de 2022. Isso desencadeou uma estratégia de descredibilização do sistema eleitoral.
* Em julho de 2021, Bolsonaro realizou uma live no Palácio do Planalto com acusações falsas sobre as urnas eletrônicas, conteúdo posteriormente removido pelo YouTube.
* Durante reunião ministerial em julho de 2022, o então chefe do GSI Augusto Heleno declarou: “O que tiver que ser feito tem que ser feito antes das eleições. Se tiver que dar soco na mesa, é antes das eleições”.
* No dia do segundo turno, foram organizadas operações da PRF em regiões onde Lula tinha mais votos, supostamente para dificultar o deslocamento de eleitores.
A denúncia revela que existia um plano denominado “Punhal Verde Amarelo”, que previa a “neutralização” de autoridades, incluindo o presidente Lula, o vice Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes.
Segundo a PGR, mesmo após a posse do novo presidente, o grupo teria se envolvido nos ataques de 8 de janeiro de 2023, que causaram prejuízos de mais de R$ 20 milhões aos prédios públicos em Brasília.
Em sua defesa, Bolsonaro nega ter planejado um golpe de Estado e afirma que “jamais compactuou” com qualquer movimento que visasse romper com a democracia. Sua equipe jurídica classificou a denúncia como “inepta” e contraditória, baseada apenas na delação de Mauro Cid.