O presidente francês Emmanuel Macron sinalizou uma possível mudança em sua postura em relação ao acordo comercial entre União Europeia e Mercosul, manifestando disposição para assiná-lo até o final do ano, desde que sejam implementadas alterações específicas para proteger os agricultores europeus.
Em entrevista à GloboNews, gravada após encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Macron detalhou sua posição sobre o acordo comercial, que tem enfrentado resistências significativas, especialmente do setor agrícola francês.
Principais pontos da posição de Macron:
* O presidente francês considera o acordo “bom para muitos setores”, especialmente no atual contexto de tensões comerciais globais, mas defende a necessidade de ajustes importantes
* Macron propõe a inclusão de “cláusulas de salvaguarda e cláusulas-espelho” para equilibrar a concorrência entre produtores europeus e sul-americanos
* Quando questionado sobre a possibilidade de assinatura até o final do ano, respondeu: “Sim, porque convenceremos nossos agricultores e camponeses de que este acordo é bom para eles”
* O líder francês enfatiza que os países do Mercosul precisarão seguir “as mesmas regras” dos europeus em relação ao uso de produtos fitossanitários para exportar seus produtos agrícolas
A proposta de Macron surge em um momento estratégico, após o presidente Lula ter incentivado a França a “abrir o coração” ao acordo durante a presidência brasileira do Mercosul, prevista para o segundo semestre de 2025.
O acordo, já negociado pela Comissão Europeia com Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, ainda aguarda definição sobre os mecanismos de aprovação e ratificação pelo lado europeu. Se aprovado, facilitará a exportação de carros, máquinas e produtos farmacêuticos da UE para o Mercosul, enquanto o bloco sul-americano poderá aumentar suas exportações de produtos agrícolas como carne, açúcar, soja e mel para o mercado europeu.