O presidente Luiz Inácio Lula da Silva manifestou-se contra as recentes ameaças do governo americano ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. Durante o 16º congresso nacional do PSB, Lula criticou a postura dos Estados Unidos em relação às decisões da Justiça brasileira.
A tensão entre as autoridades americanas e o ministro Moraes escalou após decisões do magistrado que afetaram plataformas digitais dos EUA e aliados da Casa Branca, como Elon Musk. O secretário de Estado americano, Marco Rubio, chegou a mencionar a “grande possibilidade” de Moraes sofrer sanções.
“Você veja, os Estados Unidos querem processar o Alexandre de Moraes porque ele está querendo prender um cara brasileiro que está lá nos Estados Unidos fazendo coisa contra o Brasil o dia inteiro. Ora, que história é essa de os Estados Unidos quererem criticar alguma coisa da Justiça brasileira? Nunca critiquei a Justiça deles. Eles fazem tanta barbaridade, tantas guerras, eu nunca critiquei”, declarou Lula.
O cenário político tem se complicado com a atuação do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que se licenciou do mandato para viver nos Estados Unidos e pressionar o governo Trump por sanções contra o STF. Uma espécie de “bancada anti-Alexandre de Moraes” tem se formado no Congresso americano.
Durante seu discurso, Lula também enfatizou a importância das eleições para o Senado em 2024, alertando sobre os planos de bolsonaristas de formar uma “superbancada” para confrontar o STF. A Casa renovará dois terços de suas 81 cadeiras no próximo pleito.
O presidente também abordou outros temas importantes:
* Defendeu uma maior presença da militância de esquerda no ambiente digital, reconhecendo a vantagem atual da ultradireita nesse espaço
* Falou sobre sua possível candidatura à reeleição em 2026, condicionando-a ao seu estado de saúde
* Discutiu a importância do diálogo com o Congresso para a aprovação de medidas governamentais
Em relação à crise do IOF, Lula aproveitou a presença do presidente da Câmara, Hugo Motta, para defender um maior diálogo prévio com o Legislativo: “O governo tem que aprender que quando quiser ter uma decisão que seja unânime entre todos os partidos, o correto não é a gente tomar uma decisão e depois comunicar”.
O presidente concluiu ressaltando a importância de preservar as instituições democráticas: “Não que a Suprema Corte seja uma maçã doce. Não, é porque precisamos preservar as instituições que garantam a democracia deste País. Se a gente for destruir o que não gosta, não vai sobrar nada”.