O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, revelou em entrevista ao jornal O Globo que as alterações no IOF foram debatidas na mesa do presidente Lula, porém a decisão de recuar partiu dele próprio, baseada em critérios técnicos.
A polêmica teve início na última quinta-feira, quando o governo publicou um decreto modificando a cobrança do IOF, imposto que incide sobre diversas transações financeiras. A medida causou impacto negativo no mercado, levando a Bolsa a fechar em queda. No dia seguinte, antes da abertura dos mercados, foi publicada uma correção mantendo zerada a tributação sobre aplicações em fundos de investimento no exterior.
* O ministro afirmou que não consultou o presidente sobre o recuo: “A minha decisão foi absolutamente técnica. Foi tomada horas depois do anúncio, assim que me chegaram as informações sobre o problema”.
* A previsão é que a medida resulte em um aumento de R$ 18,5 bilhões na arrecadação até o final do ano.
* Sobre a comunicação do governo, Haddad explicou que “a comunicação nunca participou dos relatórios bimestrais. Ela é que julga a pertinência de se envolver num tema ou outro”.
Em relação às suas relações com outros membros do governo, Haddad confirmou que teve divergências com o chefe da Casa Civil, Rui Costa, mas garantiu que os desentendimentos foram superados. “Acredito que no começo do governo nós tínhamos duas linhas um pouco diferentes. Mas isso foi se alinhando”, explicou.
Quanto ao seu futuro político, o ministro foi categórico ao afirmar que não pretende se candidatar a nenhum cargo eletivo nas próximas eleições. No entanto, sobre uma possível candidatura de Lula em 2026, declarou que está “fora de cogitação” o PT considerar um cenário sem o atual presidente.
O ministro também comentou sobre a atuação de Gabriel Galípolo no Banco Central, defendendo sua gestão e explicando que ele não participou da elaboração do decreto do IOF nem teve acesso ao documento, já que “a redação do ato não passa pelo Banco Central”.
Para concluir, Haddad reforçou seu compromisso com as entregas e resultados à frente do Ministério da Fazenda: “Para mim, fazer uma entrega é um objetivo. Estamos fazendo entregas relevantes […], são coisas que me satisfazem. A permanência no cargo tem a ver com isso”.