Warao vivem em abrigos precários na Paraíba

Warao vivem em abrigos precários na Paraíba

Comunidade indígena venezuelana enfrenta condições sanitárias inadequadas em João Pessoa, onde 620 pessoas vivem em abrigos emergenciais que se tornaram permanentes

A comunidade indígena Warao, originária da Venezuela, enfrenta uma grave crise habitacional em João Pessoa, Paraíba. Atualmente, cerca de 620 indígenas vivem em abrigos superlotados e com condições sanitárias e estruturais precárias, que foram inicialmente criados como medida emergencial durante a pandemia de Covid-19.

Os problemas estruturais nos abrigos têm sido uma constante:

* As sete casas-abrigo distribuídas pela capital paraibana apresentam problemas recorrentes como goteiras, rachaduras e falta de saneamento básico

* O cacique Ramón Gomez denunciou más condições no abrigo do Centro, incluindo banheiros e pias quebradas, além de períodos sem energia elétrica

* No bairro Ernani Sátiro, o cacique Rafael Rattia relata problemas persistentes desde 2019, com goteiras que comprometem roupas, redes e alimentos

* Um surto recente resultou em oito casos confirmados de leptospirose e três de dengue em um dos abrigos

O antropólogo Jamerson Lucena explica que os abrigos são inadequados para os Warao, pois não correspondem ao seu modo de vida tradicional em palafitas. O próprio cacique Ramón Gomez ressalta que a comunidade não está adaptada à vida urbana, preferindo ambientes rurais onde podem exercer suas atividades tradicionais como arte, pesca e agricultura.

A situação é ainda mais preocupante quando se observa o crescimento populacional. Nos últimos sete meses, a comunidade recebeu 200 novos integrantes, representando um aumento de 47,6%. As crianças e adolescentes constituem 53,9% da população Warao em João Pessoa, totalizando 334 pessoas.

A saúde da comunidade também é um ponto crítico. Nos últimos seis anos, foram registradas 22 mortes de indígenas Warao, sendo 10 casos de bebês com até 1 ano. Apenas nos primeiros quatro meses de 2025, quatro indígenas faleceram, incluindo duas crianças por causas evitáveis.

O Serviço Pastoral dos Migrantes (SPM), responsável pelos abrigos através de convênio com o governo estadual, reconhece que a situação atual não é mais emergencial e requer medidas definitivas de assentamento. O convênio, renovado até outubro de 2025 com valor de R$ 2,5 milhões, prevê atendimento para até 450 pessoas, número inferior à população atual.

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