Said Santana: ‘IOF sobe e o governo mostra sua cara: um Estado desesperado para sugar seu dinheiro’

Said Santana: ‘IOF sobe e o governo mostra sua cara: um Estado desesperado para sugar seu dinheiro’

Não se trata apenas de mais um imposto. Trata-se de mais um tapa na cara de quem não quer ficar à mercê das irresponsabilidades do Estado

Eu sempre brinco que economista no Brasil não morre de tédio. Por isso somos uma economia subdesenvolvida e emergente. E para não deixar nenhum economista descansar, o governo federal decidiu, mais uma vez, atacar quem trabalha, investe e/ou produz. Entenda: quem trabalha, investe e/ou produz é quem gera emprego e coloca o pacote de arroz na prateleira do supermercado. Se não houver quem trabalhe, invista ou produza, você chegará ao supermercado e encontrará tudo vazio — as prateleiras estarão vazias, assim como em Cuba, Venezuela, Coreia do Norte e todos os outros países que tentaram implementar o sonho do socialismo.

O aumento da alíquota do IOF escancara a real face de um Estado inchado, ineficiente e ainda mais desesperado por sugar o dinheiro da população — e esse dinheiro sairá do seu bolso, do suor de quem luta diariamente para construir um mínimo de segurança financeira fora da bagunça institucional em que o Brasil se afunda.

Não se trata apenas de mais um imposto. Trata-se de mais um tapa na cara de quem não quer ficar à mercê das irresponsabilidades do Estado. É um recado claro: se você pensa por conta própria, investe por conta própria e tenta fugir da mediocridade imposta por esse sistema, será punido.

Não existe progresso sem ordem — essa máxima, estampada na nossa bandeira, virou apenas um enfeite cínico diante do caos institucional em que vivemos. Hoje, o Brasil é governado à base da baderna: decisões tomadas na canetada, leis interpretadas ao sabor dos interesses políticos, e um povo cada vez mais acuado, sem direção nem segurança jurídica. A ordem foi substituída por conveniências de gabinete, por acordos de bastidores e por uma cultura de impunidade que sabota qualquer tentativa de avanço. Sem ordem, o progresso é uma mentira. E o que vemos não é um país crescendo — é um país sangrando, enquanto a elite política se farta e o cidadão comum é tratado como culpado por tentar sobreviver.

A verdade é uma só: não adianta maquiar isso como sendo um “ajuste fiscal” ou “reorganização de receitas”. O governo sempre cobra do bolso de quem não tem foro privilegiado. E mais: se o governo quer aumentar imposto para arrecadar mais, deveria lembrar que o Brasil é quase insignificante no comércio internacional, com apenas 1,54% de participação em todo o volume negociado no mundo. Quem trabalha, investe ou produz fica com medo de ainda mais instabilidade.

A baderna é tanta que os políticos ignoram até os fundamentos mais elementares da economia, como os preceitos da Curva de Laffer — que demonstram que há um ponto a partir do qual aumentos de impostos não geram mais arrecadação, mas sim retraem a atividade econômica, inibem os investimentos e incentivam a informalidade ou a evasão. Ao insistir em elevar tributos como o IOF, o governo age como se fosse possível espremer eternamente a mesma laranja. Mas o povo já está espremido, já está no bagaço. Esquece que, quando o Estado se torna predador, o cidadão não cresce: foge.

E não é como se fosse a primeira vez. Em diversos momentos, o atual governo elevou impostos na ilusão de aumentar a arrecadação, mas o efeito foi o oposto: a atividade econômica desacelerou, empresas retraíram investimentos, o consumo caiu e, no fim das contas, a própria arrecadação recuou. Foi assim com o aumento de tributos sobre combustíveis, com elevações de PIS/Cofins e até com tentativas de taxar o agronegócio. A conta não fecha quando se sufoca quem produz. Mas o governo insiste na mesma fórmula falida, ignorando a realidade e penalizando quem sustenta o país.

O atual governo está ultrapassado, perdido, obsoleto e inchado. Age como se ainda estivesse nos anos 1980, com políticas malucas, discursos vazios disfarçados de defesa da democracia e justiça social, e soluções que ignoram completamente a complexidade do Brasil de hoje. É um governo que reage aos problemas com mais Estado, mais impostos e mais controle — como se a máquina pública já não estivesse sufocando o setor produtivo. Está preso a ideologias fracassadas, cercado por conveniências políticas e refém de alianças que custam caro ao país. Está na hora de trocar.

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Said Santana
Said Aad Aziz Alexandre Santana é economista Ph.D. Com 22 anos de experiência no mercado financeiro, é fundador e CEO do Grupo Rentabilidade Pérola Holding.

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Said Aad Aziz Alexandre Santana é economista Ph.D. Com 22 anos de experiência no mercado financeiro, é fundador e CEO do Grupo Rentabilidade Pérola Holding.
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