O vírus H5N1, cepa altamente patogênica da gripe aviária, tem gerado preocupação crescente na comunidade científica devido ao seu potencial pandêmico. A doença já atingiu todos os continentes, exceto a Oceania, sendo detectada desde pinguins na Antártida até camelos no Oriente Médio, com casos recentes identificados no Brasil.
No cenário atual, o H5N1 demonstra uma capacidade sem precedentes de atravessar barreiras entre espécies, infectando mais de 70 tipos diferentes de mamíferos, segundo a ONU. Nos Estados Unidos, a situação é particularmente alarmante, com o vírus presente em todos os 50 estados e afetando mais de mil rebanhos leiteiros.
* O Brasil confirmou seu primeiro caso em granja comercial em 16 de maio, em um estabelecimento de produção de ovos férteis no Rio Grande do Sul, levando à suspensão das importações por China, União Europeia e Argentina.
* Desde 2003, mais de 700 infecções humanas foram notificadas à Organização Mundial da Saúde (OMS), com concentração de casos na Indonésia, Vietnã e Egito.
* Recentemente, foram registrados casos humanos nos EUA, Reino Unido, Índia, México, Camboja e Vietnã, com pelo menos 70 infecções e uma morte.
A epidemiologista Caitlin Rivers, da Universidade Johns Hopkins, alerta: “A gripe aviária não é um problema temporário — houve uma percepção equivocada de que ela sumiria. Agora há uma consciência de que é um problema que precisa ser administrado”.
O professor Kamran Khan, da Universidade de Toronto, expressa preocupação similar: “Se dermos espaço para que o vírus continue evoluindo e se adaptando à infecção de outros mamíferos, a preocupação é se o surto atual entre animais nos EUA é, na verdade, o gatilho para outra pandemia”.
A vacinação de animais permanece um tema controverso. A França iniciou a vacinação de patos, observando redução nas infecções, enquanto os EUA recentemente aprovaram condicionalmente uma nova vacina contra o H5N1 para aves.
Agências governamentais mantêm estoques de vacinas para uso humano em situações de alto risco. Segundo Khan, “Se o vírus realmente se tornar um agente de pandemia, essa cepa específica seria usada para desenvolver uma nova vacina e produzi-la em larga escala”.
A vigilância e detecção precoce de casos continuam sendo prioridades fundamentais no combate à disseminação do H5N1, especialmente considerando sua capacidade de mutação e adaptação a diferentes espécies.