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A relação entre psiquiatras e pacientes com transtornos mentais no Brasil tem se mostrado problemática, revelando uma necessidade urgente de humanização no atendimento. O relato pessoal de uma jornalista portadora de transtorno bipolar expõe falhas significativas no sistema de saúde mental brasileiro, especialmente no que diz respeito à conduta médica.
De acordo com a experiência relatada, dos aproximadamente dez psiquiatras que a atenderam ao longo de sua trajetória como paciente, sete ou oito apresentaram condutas inadequadas, incluindo:
* Tratamento desrespeitoso e robotizado, com consultas apressadas e sem interesse pelo histórico do paciente
* Medicação excessiva sem explicações adequadas sobre o tratamento
* Falta de empatia e comunicação direta com o paciente, direcionando-se apenas aos familiares
* Demonstrações de preconceito e até mesmo medo em relação aos pacientes com transtornos mentais graves
* Casos de humilhação e sadismo no tratamento de pessoas em situação vulnerável
A autora destaca que atualmente recebe tratamento adequado no Hospital das Clínicas através do SUS, onde é atendida mensalmente por estudantes de psiquiatria em conclusão do curso. Ela ressalta o “frescor necessário” que esses jovens profissionais trazem à especialidade, embora enfatize que o problema não é geracional, mas sim cultural.
Um ponto crítico levantado é a falta de responsabilização dos profissionais em casos graves. Enquanto erros médicos em outras especialidades são rigorosamente investigados, falhas no acompanhamento psiquiátrico, mesmo em casos que resultam em suicídio, raramente são questionadas ou investigadas.
A necessidade de humanização é especialmente urgente no tratamento de patologias mais graves como esquizofrenia, bipolaridade e transtorno de personalidade borderline. Embora o texto reconheça a importância do atendimento psiquiátrico para a qualidade de vida dos pacientes, evidencia a necessidade de mudanças significativas na práxis médica e no combate ao preconceito social contra pessoas com transtornos mentais.
O relato conclui que, embora não seja possível mudar toda a sociedade instantaneamente, é fundamental que os profissionais que se comprometeram a cuidar desses pacientes cumpram seu juramento de forma mais humanizada e responsável.
