O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou alta de 0,43% em abril, apresentando desaceleração em relação ao avanço de 0,56% observado em março, conforme dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesar da desaceleração mensal, o índice acumulado em 12 meses acelerou pelo terceiro mês consecutivo, atingindo 5,53% em abril, o maior patamar em mais de dois anos.
A desaceleração do IPCA em abril foi influenciada principalmente por quedas em itens de peso significativo no orçamento familiar:
* As passagens aéreas registraram queda expressiva de 14,15%, representando o maior impacto negativo no índice do mês, com -0,09 ponto percentual
* Os combustíveis apresentaram redução de 0,45%, com destaque para as quedas no óleo diesel (-1,27%), gás veicular (-0,91%), etanol (-0,82%) e gasolina (-0,35%)
* O grupo Transportes foi o único a registrar deflação (-0,38%) entre os nove grupos pesquisados
Por outro lado, diversos setores apresentaram aumentos significativos:
* O grupo Alimentação e bebidas teve alta de 0,82%
* Saúde e cuidados pessoais aumentou 1,18%, impulsionado pelo reajuste de 2,32% nos produtos farmacêuticos, após autorização de aumento de até 5,09% nos preços
* O índice de difusão, que indica o percentual de itens com alta de preços, subiu de 61% em março para 67% em abril
* Na categoria de alimentos, a difusão foi ainda mais expressiva, passando de 55% para 70%
“Um contexto de intensas pressões inflacionárias, expectativas de inflação de curto e médio prazos altamente desancoradas, hiato do produto positivo, mercado de trabalho apertado e medidas recorrentes de estímulo parafiscal e de crédito exigem uma calibração conservadora da política monetária”, explicou Alberto Ramos, diretor de pesquisa macroeconômica para a América Latina do Goldman Sachs.
Fernando Gonçalves, gerente do IPCA no IBGE, destacou que dos 168 subitens alimentícios investigados, 118 apresentaram alta em abril. Nos itens não alimentícios, dos 209 subitens pesquisados, 134 registraram aumentos.
O resultado do IPCA continua distante da meta de 3% estabelecida pelo Banco Central, cujo limite superior de tolerância é de 4,50%, indicando a persistência de pressões inflacionárias na economia brasileira.