A crise interna no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ganhou um novo capítulo com o lançamento de uma versão polêmica do mapa-múndi oficial pela gestão de Marcio Pochmann. A nova representação cartográfica, que posiciona o Brasil no centro do mundo com perspectiva invertida, colocando o sul no topo da imagem, gerou forte reação dos técnicos do órgão.
Os servidores, através do sindicato Assibge-SN, manifestaram repúdio à iniciativa, alegando que a publicação não seguiu os procedimentos técnicos adequados. Segundo a executiva nacional do sindicato, “O mapa em si não apresenta nenhuma incorreção técnica, e poderia compor, em conjunto com outras representações, atlas e materiais didáticos, trazendo um debate bem-vindo sobre as representações cartográficas e sua expressão política”.
O núcleo sindical dos servidores da unidade Chile, maior do IBGE com cerca de 700 trabalhadores, divulgou um manifesto criticando duramente a iniciativa. Os funcionários argumentam que o novo mapa “distorce” a realidade e compromete a credibilidade do instituto, construída ao longo de décadas.
Os servidores apontam três violações aos princípios constitucionais da administração pública:
* Finalidade administrativa: desvio da função do IBGE de produzir informação técnica e objetiva
* Impessoalidade: uso do instituto para narrativas específicas em vez do serviço à sociedade
* Moralidade administrativa: questionamento sobre o uso adequado dos recursos públicos
Este não é um caso isolado de conflito na gestão Pochmann. Os servidores relembram a polêmica publicação do “Brasil em Números 2024”, que incluiu um prefácio da governadora de Pernambuco exaltando realizações de sua gestão, ignorando alertas do corpo técnico.
Em defesa da iniciativa, o IBGE divulgou nota informando que o lançamento do mapa-múndi invertido está disponível em português e inglês. Pochmann argumentou que o objetivo é “estimular a reflexão sobre como nos vemos neste novo mundo”, destacando países do BRICS, Mercosul, nações lusófonas e aquelas que possuem o bioma amazônico.
O instituto justifica a publicação como parte de ações estratégicas para debate sobre o Sul Global, considerando o protagonismo brasileiro em 2024, ano em que o país preside o BRICS e o Mercosul, além de sediar a COP 30.