IBGE: 61,71% dos quilombolas vivem em áreas rurais

IBGE: 61,71% dos quilombolas vivem em áreas rurais

Censo 2022 do IBGE revela que 61,71% dos quilombolas vivem no campo, contrariando tendência nacional de urbanização

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta sexta-feira (9) um novo suplemento do Censo 2022, revelando que a maioria da população quilombola no Brasil vive em áreas rurais, diferentemente do padrão nacional de urbanização. Dos 1,3 milhão de quilombolas identificados, 61,71% residem no campo, totalizando 820,9 mil pessoas.

Este é um marco histórico nas pesquisas do IBGE, sendo a primeira vez que dados específicos sobre a população quilombola foram coletados no Censo, impossibilitando comparações temporais sobre a distribuição dessa população entre áreas rurais e urbanas.

Características Demográficas

* A população quilombola apresenta uma idade mediana de 31 anos, sendo mais jovem que a média nacional de 35 anos
* Em territórios oficialmente delimitados, 87,97% dos quilombolas vivem em área rural
* A média de moradores por domicílio quilombola é de 3,17 pessoas, superior à média nacional de 2,79

Desafios de Infraestrutura

* O analfabetismo atinge 22,71% dos quilombolas em áreas rurais e 13,28% em áreas urbanas
* Em áreas rurais, 6,36% dos quilombolas não possuem banheiro nem sanitário
* A precariedade no saneamento básico afeta 94,62% dos quilombolas em áreas rurais

Fernando Damasco, gerente de Territórios Tradicionais e Áreas Protegidas do IBGE, destaca que o resultado foi uma “descoberta”. “É um fator absolutamente novo, em termos de composição de grupos étnicos. A gente não vê isso se repetir em nenhum outro grupo”, afirma.

Marta Antunes, coordenadora do Censo de Povos e Comunidades Tradicionais, explica que a predominância rural tem raízes históricas: “Tem a ver com o histórico da ocupação pela escravização e de como foi essa resistência organizada ao longo dos séculos”.

O estudo também revelou disparidades significativas no acesso à água: em áreas urbanas, a precariedade atinge 9,21% dos quilombolas, contra 2,72% da população geral. No campo, essa diferença é de 43,48% para quilombolas contra 29,35% da média nacional.

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