Frank Martins: ‘Pedrinho, não caia na bobeira de fazer o clássico no Mineirão meio a meio’

Frank Martins: ‘Pedrinho, não caia na bobeira de fazer o clássico no Mineirão meio a meio’

Não é hora de política de boa vizinhança. É hora de prestigiar a torcida do Cruzeiro e a reconexão com o time!

Tem coisa que a gente aprende cedo no futebol. Uma delas: clássico se joga com sangue nos olhos e olhos bem abertos. E de olhos abertos, Pedrinho, é impossível não ver o tamanho da cilada que seria aceitar torcida dividida no Mineirão com o rival.

Durante a transmissão da imensa vitória do Cruzeiro sobre o Flamengo, uma informação chamou atenção: Pedrinho estaria conversando com dirigentes do rival para que os próximos clássicos no Mineirão voltem a ter torcida dividida, 50% para cada lado. Como quem avisa, amigo é: não cometa esse erro, Pedrinho. Não agora. Não desse jeito.

Há muito tempo a torcida do Cruzeiro não se sente tão próxima do time como agora. Há muito tempo não vivemos esse momento de reconexão, de esperança, de estádio cheio mesmo em meio a dificuldades. Essa energia precisa ser respeitada. O Mineirão é nosso palco, nossa casa, nossa festa!

Quem pediu torcida única no clássico foi o rival. Eles bateram o pé, empurraram essa pauta. E quando foi a vez deles organizarem o clássico, trataram a torcida cruzeirense com desrespeito e descaso. Na Arena MRV, tiraram portas dos banheiros (até dos femininos), não forneceram papel higiênico, não disponibilizaram bebedouros, e ainda venderam ingressos caríssimos para o setor visitante. Tudo isso enquanto instalavam tapumes que prejudicavam a visão do campo. Essa é a “boa vizinhança” que nos oferecem?

Não tem como chamar isso de hospitalidade. Foi, sim, uma tentativa clara de desestimular a presença da Nação Azul. Um recado mal-disfarçado: “vocês não são bem-vindos aqui”.

E agora querem dividir o Mineirão conosco? Querem vir para a nossa casa com 50% da arquibancada? Com todo respeito: não. O Cruzeiro não tem obrigação de ser gentil com quem trata nosso torcedor como inimigo! E o pior: não duvide se, no jogo da volta, eles alegarem “indisponibilidade” do Mineirão e empurrarem a partida pra Arena Meu Rival Vence. Com torcida única, claro. A deles.

É claro que o ideal de qualquer clássico é com as duas torcidas em peso, cantando, vibrando, disputando no grito. Mas o futebol real tem contexto. E o contexto atual não permite ingenuidade. Não é só uma questão de segurança pública é também de respeito e reciprocidade. O Cruzeiro precisa proteger seu torcedor. Precisa dar a ele o direito de viver esse momento de festa com o time, sem o risco de se prejudicar por mais uma jogada política mal articulada.

Além disso, sejamos francos: o Mineirão é o maior símbolo do futebol mineiro. E o Cruzeiro é o time que enche esse estádio. Foi assim contra o Flamengo. Será assim no clássico. Time grande joga em estádio grande, com torcida grande. Vamos colocar mais de 60 mil no Gigante da Pampulha e, quem sabe, bater de novo o recorde de público da temporada. Essa é a resposta que o Cruzeiro tem que dar: nas arquibancadas, na bola e na atitude.

Não venha com esse papo de que torcida única é “morte do futebol”. Quem matou a experiência do torcedor visitante foi o rival, ao transformar um clássico em um campo de batalha silenciosa, onde o cruzeirense mal pode torcer. São eles que atrasam entrega de ingressos, cobram preços absurdos, colocam som mecânico para compensar a acústica e fazem de tudo para empurrar o mando deles para a Arena MRV, mesmo que em jogo de volta. Não sejamos ingênuos.

Não sou contra clássico com duas torcidas. Longe disso. Mas não dá pra jogar o jogo da paz com quem sempre entra com uma artimanha debaixo do braço. Se a direção do rival tivesse dado o exemplo, tratado nosso torcedor com respeito, talvez essa conversa fizesse sentido. Mas como confiar em quem já mostrou, mais de uma vez, que não sabe dividir nem o espaço na arquibancada dentro do estádio.

Pedrinho, você está fazendo muito pelo Cruzeiro. Mas nesse caso, ouvir a arquibancada é a melhor decisão. O momento é da torcida. O time voltou a ser competitivo. O torcedor voltou a sonhar. Deixe a festa acontecer em azul e branco. A casa é nossa. O momento é nosso.

Não caia na bobeira de fazer o clássico no Mineirão meio a meio.

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Frank Martins
Frank Martins
Jornalista, cruzeirense e contador de histórias do time que fez do Mineirão o palco da eternidade. Já passei pela Itatiaia, O Tempo, Hoje em Dia, TV Rede Super e ESPN FC, mas aqui no N3 News a proposta é outra: menos noticiário, mais alma. Reflexões, memórias, causos e análises do clube que carrego 5 estrelas no peito e que me ensinou a amar o futebol. Porque ser Cruzeiro é mais do que torcer: é transformar cada jogo em memória e cada título em parte da alma dessas páginas heroicas e imortais.

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Frank Martins
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