O América-MG anunciou nesta segunda-feira (5 de maio) a liberação do atacante Miguelito, que havia sido detido no Paraná sob suspeita de injúria racial contra o jogador Allano, do Operário, durante partida válida pela Série B do Brasileirão. O meia prestou depoimento, negou as acusações e foi liberado para retornar a Belo Horizonte, onde recebe apoio do clube mineiro.
O incidente ocorreu aos 30 minutos do primeiro tempo do jogo entre Operário-PR e América-MG, em Ponta Grossa. De acordo com a súmula, Allano relatou ao árbitro Alisson Sidnei Furtado que Miguelito o teria chamado de “preto cagão”. O árbitro seguiu o protocolo antirracismo e paralisou a partida por 16 minutos, mas registrou que nenhum integrante da comissão de arbitragem ouviu ou presenciou o suposto insulto.
Em nota oficial, o América-MG declarou “confiar na palavra do atleta” e afirmou que oferece “todo o suporte jurídico e emocional” a Miguelito. O clube reforçou seu “compromisso inegociável no combate ao racismo”, mas destacou que, após análise interna, considera as acusações “infundadas”.
O presidente Alencar da Silveira Jr foi enfático: “Concluímos, após apuração criteriosa, que não houve o alegado. O América repudia qualquer forma de discriminação, mas também defende o direito à presunção de inocência.”
A Federação Boliviana de Futebol (Miguelito é boliviano) também emitiu comunicado, dando “respaldo institucional” ao jogador e destacando a “confiança no devido processo legal”.
Em contraponto, o atacante Allano usou as redes sociais para se pronunciar: “Infelizmente, mais uma vez, o racismo mostrou sua face cruel num espaço que deveria ser de respeito. Ser ofendido pela cor da minha pele é doloroso e inaceitável. Não me calarei — não por mim, mas por todos que sofrem com isso.”
Ele ainda cobrou “justiça e responsabilidade” e reforçou a necessidade de “empatia” no esporte.
O caso segue em investigação pelas autoridades paranaenses. Enquanto isso, o América-MG deve reintegrar Miguelito ao elenco, a menos que novas provas surjam. O Operário-PR, por sua vez, deve acompanhar o desdobramento jurídico.