O Brasil enfrenta significativos obstáculos estruturais que o impedem de alcançar o status de economia de alta renda, permanecendo estagnado na chamada “armadilha da renda média” desde a década de 1980. Com um PIB per capita de US$ 9.280 em 2023, segundo o Banco Mundial, o país mantém-se na classificação de renda média-alta, enfrentando desafios consideráveis para avançar ao próximo patamar.
Um dos indicadores mais preocupantes é a produtividade do trabalhador brasileiro, que atualmente representa apenas 20% da produtividade de um trabalhador norte-americano, uma queda significativa em comparação aos 40% registrados nos anos 1980.
Principais desafios que o Brasil precisa superar:
* A participação do país no PIB mundial deve diminuir para 2,4% em 2025, segundo o FMI, uma queda expressiva em relação aos 4% que representava em 1980, evidenciando uma perda de relevância global.
* O isolamento econômico continua sendo um obstáculo significativo, com baixa integração às cadeias globais de produção. A Embraer surge como exemplo positivo isolado de inserção internacional bem-sucedida.
* Na educação, o desempenho brasileiro é preocupante, ocupando a 52ª posição em leitura, 65ª em matemática e 61ª em ciências no Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), entre 81 países.
* A informalidade persiste elevada, atingindo 47,5% da força de trabalho em 2023, segundo dados da FGV/Ibre, impactando negativamente a produtividade e o crescimento econômico.
O cenário fiscal apresenta desafios significativos. A Instituição Fiscal Independente (IFI) projeta que a dívida pública brasileira ultrapassará 100% do PIB até 2030, um nível considerado alto para países emergentes. Para equilibrar as contas, seria necessário gerar um superávit primário de 2,5% do PIB, aproximadamente R$ 310 bilhões.
O chamado “Custo Brasil” continua sendo um entrave significativo para investimentos, com altas taxas de juros e encargos elevados, como no setor elétrico, onde as tarifas adicionais representam entre 55% e 70% do valor final pago pelos consumidores.
A perda do grau de investimento em 2015 também representa um obstáculo significativo para a atração de investimentos internacionais, especialmente de fundos de pensão que só podem aplicar recursos em ativos considerados seguros.
Apesar de alguns avanços pontuais, como a redução no percentual da população ocupada com ensino fundamental incompleto de 67% em 1992 para 19,2% em 2023, e o aumento de trabalhadores com ensino superior de 5,8% para 21,9% no mesmo período, o país ainda precisa de reformas estruturais significativas para superar seus desafios históricos e alcançar um novo patamar de desenvolvimento econômico.