A Organização das Nações Unidas (ONU) emitiu um alerta urgente sobre a crítica situação no Sudão do Sul, onde uma escalada de violência ameaça provocar um “pesadelo humanitário”. O país enfrenta uma das piores crises desde sua independência em 2011, com múltiplos fatores contribuindo para o agravamento da situação.
Nicholas Haysom, chefe da Missão da ONU no Sudão do Sul (Unmiss), apresentou ao Conselho de Segurança um panorama alarmante da situação atual, destacando a deterioração significativa das condições políticas e de segurança no país.
* A detenção do primeiro vice-presidente Riek Machar por forças leais ao presidente Salva Kiir em março provocou uma escalada nas tensões políticas, ameaçando reacender um conflito generalizado
* Uma nova mobilização militar está em curso, envolvendo tanto as forças armadas sul-sudanesas quanto o Exército Branco, uma milícia acusada de colaborar com Machar
* O impacto da guerra no Sudão vizinho, somado ao colapso econômico e condições meteorológicas extremas, agrava ainda mais o cenário
* Aproximadamente 9,3 milhões de pessoas, representando três quartos da população, necessitam de assistência humanitária urgente
* 7,7 milhões de habitantes enfrentam grave insegurança alimentar
* Uma epidemia de cólera atinge o país, com cerca de 50 mil casos registrados e aproximadamente 900 mortes
* Cerca de 130 mil pessoas foram deslocadas devido aos recentes episódios de violência, com muitas buscando refúgio na Etiópia
Edem Wosornu, do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha), ressaltou que a capacidade de ação dos trabalhadores humanitários foi severamente comprometida devido a cortes massivos no financiamento, especialmente dos Estados Unidos.
Haysom enfatizou a necessidade de ação urgente, coordenada e decisiva em múltiplos níveis, tanto por atores nacionais quanto internacionais. Entre as medidas prioritárias, destacou-se a necessidade de um cessar imediato das hostilidades, proteção aos civis e apoio econômico para evitar um agravamento ainda maior da situação.
A comunidade internacional é chamada a agir rapidamente para impedir que o Sudão do Sul mergulhe em um novo conflito generalizado, que poderia desfazer os avanços conquistados nos últimos anos em direção à paz.